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23/02/2015 - 10:46

A composição de um governo

           Após as eleições entre perdas e ganhos, cabe ao vencedor exercer o poder de saber escutar, compreender, conscientizar-se e aceitar o que passa dentro de si e os rumores vindos lá de fora do palácio,  e nesse barulho terá que saber compreender a complexidade geral de um povo, sendo mais “equipotente” ele terá suas decisões políticas mais alinhadas nas experiências técnicas aliadas a ações políticas, ou seja, na construção de uma equipe não pode ser nem muito barro e nem muito tijolo.

           Pior que governar, está à grande missão de saber escolher seus auxiliares e nessa composição de equipe, pois nessa composição da equipe é que dará o grande passo para definir qual a cara do governo. E nesse caminhar espinhoso do começo de uma gestão, o mandatário máximo terá ao seu lado um Vice, muitas vezes impostos pela coligação, e ao não definir os limites das ações desse “ser” meio governador e meio vice, abre-se um abismo político dentro da própria governadoria.

           Partidos coligados ficam com cara de “cão pidão”,  fica só “pão quero” na longa espera na fila dos cargos, e em todas as entrevistas os “donos” de partidos  aplica o sistema “pari gato”,  com aquele clássico ditado: “aqueles que ajudaram a ganhar, agora querem ajudar a governar”.

          Nesse estágio, são tantas emoções, mas a missão primeira e a mais difícil estão na  escolha dos Secretários de Estado, essa decisão requer do líder o poder de análise da constituição interna e externa de um indivíduo, que vai muito além das aparências e não resume somente na coletânea de títulos e diplomas e certidões de bons antecedentes.  Muito mais do que a virtuosidade da formação acadêmica, está na expectativa de transformar um  professor com os seus ensaios ou um político com os seus falatórios, num administrador de projetos e conflitos, e se não tiver o sentido ideológico e sonhos de promover as mudanças sociais, com certeza abandonarão o cargo pelo meio do caminho. Uns podem até alegar o baixo salário e muita responsabilidade em colocar o seu nome e sua vida exposta publicamente, e com grandes possibilidades de responder pela vida a fora,  pelas notificações e acórdãos, emitidas pelas instituições fiscalizadoras (TCE, TCU, MPF, MPE, CGE e CGU) e as vezes ficar como desonesto por culpa de assessores relapsos e não confiáveis.

           Veja que a satisfação da vitória nas urnas e os discursos emocionantes vão ficando “café pequeno”, pois as cobranças que antes fazia parte dos discursos,  agora viraram contraponto, e farão parte do dia-a-dia de uma equipe de governo, que acima de tudo deve ser coerente, competente e determinada.

           A escolha de um Secretário, não se faz pela pele, não se faz pela pupila, não se faz pelos brilhos dos olhares questionadores dos dirigentes partidários, mas só depois de muito procurar e muito atentar, preenche-se o suposto quadro, composto de pessoas que se completam na excelência e competência administrativa. A escolha dos auxiliares não pode ter falha e não basta ter sorte, pois a pessoalidade tem  uma  metade cheia de vaidade e outra metade cheia de “santidade”. 

         Depois dos 90 dias de administração, acaba a lua de mel do novo governante com o povo, um simples erro de atendimento de demandas herdadas do passado, vira motivo de cobranças futuras e vem com a força de anos de abandono e má administração, mas para uma população carente de tudo, vem à revolta e as cobranças duras vão se avolumando. E aquela paciência  da população, com sucessivas justificativas, mas sem correções de rumos, faz com que até os aliados e os fanáticos eleitores, decidam  a pensar em novas eleições e vão pulando do barco a deriva, possuídos por novas verdades: “esse aí, não vale um pequi roído, perdi meu voto”.

      No exercício do mandato, o estadista deverá tomar as suas decisões com a  firmeza de caráter e principalmente deve transparecer a população, a imagem de um homem fiel a verdade em todas as circunstâncias, o que faz com que o governo seja reconhecido através de imagens verdadeiras, pois o reconhecimento do povo, o consagrará como um líder que mesmo não atendendo as demandas de imediato, não causará qualquer desconfiança para o transcorrer do mandato.

             A tendência construtiva e poderosa da verdade é o alicerce da imagem positiva de um governo realizador, e que nunca ficará refém  da dependência das campanhas publicitárias repetitivas, cansativa  e sem criatividades, pois a mentira tem perna curta.    Imprimir