Muito pouco resta do verdadeiro Carnaval Cacerense de outrora; pelo esforço dos também poucos abnegados, acreditamos que vai demorar muito para que possamos vivenciar as animações das escolas, blocos e cordões que “invadiam” a cidade durante o festejo de momo.
Enquanto o samba não embala, recordamos dos carnavais de outrora... Quantos atrativos... Quanta animação... Mas também estamos reverenciando os baluartes que ainda teimam valentemente em trabalhar para mostrar a cara nos festejos de momo. Os incentivos são poucos... A premiação não entusiasma... Com isso, o desejado Carnaval Pantaneiro ainda engatinha ou tão somente patina.
A saudade é muito grande de outros carnavais. Lembramos perfeitamente do sargento Paulino no comando do samba pra levar a folia às ruas e avenidas de Cáceres.
Durante o aguardado desfile pela área central da cidade, um expectador se dirige ao militar do 2º. Befron e se manifesta insatisfeito com a quantidade de pano ostentado nas fantasias das mulatas, sem saber que as mesmas eram justamente as filhas do diretor do famoso bloco, e cobra: “essas passistas tem muita roupa...”, diz inconformado. Eis que reage imediatamente indignado o militar: “traz sua mãe para desfilar...”.
Na lembrança também as fantasias e o capricho do saudoso Ágdo. Dava um show de bom gosto e se orgulhava com os aplausos que lhe eram dirigidos. O mesmo se pode dizer do Bernardino Sene, Pelé ou simplesmente Gina Marquesa.
Hoje se orgulha ao exibir algumas fotos da rica época de ouro do samba cacerense. Da turma só o costureiro Odózio ainda permanece com a fantasia em dia.
Até desfile de escolas de samba tivemos a oportunidade de assistir. A Unidos da Ponte Branca, Emacurus, sob a batuta do carnavalesco Sebasticha; Pega no meu coração, etc.
Nas ruas e avenidas o samba contagiava. O que dizer ainda dos salões... O Humaitá, o azul e branco da Coronel Faria todo decorado. A participação da família cacerense brincando e recepcionando outras famílias que aqui vinham prestigiar o famoso carnaval cacerense, a exemplo as de Mirassol, Quatro Marcos, também da Capital, Cuiabá, Poconé. A quadra ficava pequena, mas animação, fantasias e gente bonita contagiava. Na lembrança os blocos, o esmero dos participantes, a ala dos médicos, a cada noite uma fantasia especial...
O Rei Momo Sebastião Lara, o Celso Lara... Auge nos tempos que o clube (hoje entregue às moscas) era comandado pela diretoria de Renato Garcia posteriormente também sucesso com Sebastião Capim e outros.
Bons tempos inesquecíveis aqueles... Militando no jornal Correio Cacerense fazíamos a cobertura da folia e passeávamos também pelo UBSSC. No comando do Clube da Duque de Caxias o sargento Aniceto, posteriormente o nosso amigo Silveira. Músicos do exército caprichavam nas marchinhas e os foliões se entregavam na animação e folia.
Visitávamos também o Nipo Brasileiro. Lá éramos recepcionados pela diretoria do Wilson Kishi e a família nissei aqui radicada se desdobrava na organização e atendimento dez. No bar o carro chefe era mesmo o pastel delicioso que rebatia o cansaço da noitada.
Não podemos esquecer também do famoso escaldado servido pela Roselane e o Cleto Silva no quintal da residência nos fundos do Humaitá era disputadíssimo.
Os carnavais do passado lembramos perfeitamente, que começavam um mês antes. Houve um tempo que o Renato Garcia começava a divulgar a Festa de Momo com os concorridos avanços carnavalescos que aconteciam aos sábados no salão do Humaitá.
A iniciativa contava com maciça participação da juventude especialmente daqueles que estudavam fora e ainda se encontravam de férias na cidade. A curtição era mesmo pra valer. A segurança bem feita e a tranqüilidade imperavam nos festejos e mesmo fora dos salões.
As concentrações aconteciam nas residências. Quem não se lembra da turma dos Canabravas? Biba Cuiabano assegura que esta agremiação chegou a contar com oitocentos integrantes. Os Assombrados; As Pacupevas soltavam a franga no desfile cujo ápice se dava no Calçadão da Praça Barão.
Bons tempos aqueles que hoje estão na memória e não dá mesmo pra esquecer. “Quanto riso, oh, quanta alegria”... Até o Neguinho da Beija Flor comandou a festa numa domingueira inesquecível em que participamos.Imprimir