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22/03/2018 - 08:05

A ineficiente da política ambiental

                No primeiro dia do outono, São Paulo, Rio, Belo Horizonte e outras localidades  brasileiras enfrentaram a chuva caída em grande quantidade num curto período. O resultado é, mais uma vez, prejuízos em imóveis e veículos alagados e até mortes, o que é pior. Todo ano é assim. Passam os meses secos, apropriados a providências e preparativos para a chegada das águas e, quando elas chegam, a catástrofe se repete. Demonstração de que as medidas adotadas foram, no mínimo, infrutíferas. Mas pouco ou nada muda de um ano para outro, e o sofrimento da população continua.
 
                Na promoção do desenvolvimento, o homem desrespeitou áreas que a natureza reservou para o escoamento das águas. Removeu a vegetação das margens dos rios e seus afluentes e impermeabilizou extensas áreas que no passado serviam para a penetração da chuva e a filtragem de sua água para o lençol freático. Hoje, sobre cimento e asfalto, a água da chuva corre toda para o fundo do vale onde os rios, por conta da erosão nas laterais, tem grande volume de areia depositado no leito que antes servia ao escoamento. Ainda há o desleixo do povo que joga lixo nas ruas e a pouca eficiência do poder público quanto à fiscalização e a limpeza das galerias. O resultado não poderia ser diferente.
 
                Há pelo menos 40 anos, a defesa ambiental tornou-se moda no Brasil. O tema levou muita gente a ganhar dinheiro ou fazer carreira política (que também resulta em ganhos). Muitas teses foram defendidas mas, na hora da aplicação, pouco ou nada se faz. Áreas de risco continuam ocupadas, canalização entupida e falta de previsão de sinistros. Com o conhecimento acumulado, tudo isso deveria ter sido prevenido de forma a evitar o confronto entre o homem e a água. Mas os investimentos são baixos, precários e dependentes de decisões e interesses políticos.
 
                Governo, congressistas e os verdadeiros ecologistas precisam sentar à mesma mesa, afinar o discurso e, principalmente, buscar o lado pratico da questão. O governo da União, que detém o grosso da arrecadação tributária, precisa criar condições para que o Estado aplique as políticas protetivas em suas áreas críticas e os municípios, também integrantes do problema, façam o serviço de ponta. Já existe a defesa civil, que possui mapeamento de todos os problemas mas não dispõe de recursos e nem de legislação para solucioná-los. Governar e legislar não se resume a fazer leis e emitir ordens. Também é preciso destinar recursos suficientes para a solução dos problemas e evitar que, passado o momento de sofrimento, todos se esqueçam do ocorrido e até os flagelados, irresponsavelmente, voltem a viver nas áreas de risco.
 
                A verdadeira política ambiental não é aquela restrita ao discurso fácil, aos atos de incompreensão de alguns xiitas e à acomodação dos governos. Todos têm de remar numa só direção e evitar que o problema resolvido na chuva de um ano esteja presente na estação chuvosa do ano seguinte. Se isso ocorrer, tem de procurar a falha e corrigí-la... Imprimir