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06/01/2018 - 06:22

A política de centro como alternativa

               Na Revolução Francesa, Século 18, quando foi instalada a Assembleia Nacional Constituinte, a elite, não querendo se misturar com os pobres, sentou-se no lado direito. E o lado esquerdo foi ocupado pelos pobres. Estabeleceu-se ali o conceito de "direita" para o conservadorismo dos ricos e "esquerda" para os trabalhadores que lutam por seus direitos. E essa divisão passou a presidir a luta de classes, só perdendo força depois da queda do muro de Berlim e da desmontagem da União Soviética, na virada dos anos 80 para os 90. Os militares que nos governaram a partir de 1964 – hoje catalogados como ditadores – eram de direita e assumiram mediante a justificativa de evitar a tomada do poder por uma ditadura de esquerda ao estilo chinês, soviético ou cubano. Durante os 21 anos de regime militar, a esquerda esteve tolhida e muitos dos seus integrantes acabaram exilados.

                Feita a Anistia, a partir de 1979, os políticos com viés à esquerda retornaram à atividade e tivemos governos nessa direção. Tancredo Neves foi eleito com o apoio das esquerdas (e, na morte, substituído por José Sarney). Em 1994, o ex-exilado Fernando Henrique Cardoso elegeu-se presidente para, depois de cumprir dois mandatos, ser substituído por Luiz Inácio Lula da Silva, candidato declaradamente de esquerda que, em 2010 teve como sucessora Dilma Rousseff, ex-guerrilheira e ex-presa política. Agora, no impeachment de Dilma, assumiu Michel Temer, político mais ao centro.

                Da direita explícita do regime militar, passamos à esquerda também declarada de Lula e Dilma, num momento em que essa divisão de classes já perdia força internacionalmente. No começo da semana, o ex-esquerdista FHC deu entrevista onde prega a união dos políticos de "centro" como caminho para o Brasil de hoje. Desafia, inclusive, o virtual candidato do seu partido, Geraldo Alckmin, a promover a união dos políticos centristas para poder fazer uma nova frente e assumir o Brasil de 2018-19. A sua preocupação e certeza nesse sentido são tão grandes que ele chega a admitir que se Alckmin não conseguir costurar a aliança ao centro, poderá apoiar postulantes de outro partido que o consigam.

                Neste momento, vemos a velha contenda entre direita e esquerda tentando sobreviver. Jair Bolsonaro, que não tem partido forte, é catalogado como o pré-candidato de direita e Lula, mesmo condenado e sob o risco de não poder concorrer, posa como o candidato de esquerda. Na visão de Fernando Henrique, o Brasil de hoje não deve ser de direita nem de esquerda. Mas, para que isso se concretize, os políticos de centro têm de buscar seus pontos de convergência para poderem chegar fortes às eleições de 7 de outubro.

                Chegamos a um ponto de corte, de virada de ciclo. Se os políticos centristas tiverem juízo, é bem provável que tanto esquerda quanto direita percam as eleições. Oxalá haja apenas um ganhador: o Brasil...
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