Artigos / Dirceu Cardoso Gonçalves

15/07/2017 - 08:53

Mais uma quinzena na corda bamba

            Mesmo ganhando a queda de braços na Comissão de Constituição e Justiça, onde barrou o relatório que admite a autorização legislativa para o Supremo processá-lo,  Michel Temer continua na corda bamba. Ao passar o rolo compressor, trocando deputados para vencer na comissão, o presidente e seus aliados descuidaram-se da votação no plenário, os deputados saíram de férias e não haverá o número suficiente  para instalar a sessão e votar a matéria antes do recesso de meio de ano, que começa na próxima terça-feira. Com isso, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, marcou a votação para 2 de agosto. Para haver sessão e votação, everão comparecer pelo menos 342 deputados. Independente do que decidiu a CCJ, se conseguir manter 172 parlamentares fiéis, Temer se livrará do afastamento e do processo. É um número pequeno em tempos de calmaria, mas duvidoso em dias de turbulência.

            Durante a quinzena que se segue, o presidente estará sujeito a novos ataques do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que já sinalizou ter mais duas ou três denúncias decorrentes da delação de Joesley Batista. Também poderão vir a público as delações do doleiro Lúcio Bolonha Funaro, que já teria relatado ao Ministério Público a entrega de malas de dinheiro ao ex-ministro Geddel Vieira Lima, e do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que segundo os analistas já ameaçou Temer com as perguntas feitas no âmbito do processo que responde na Lava Jato.. Dependendo do nível em que trouxerem, tais delações poderão levar o presidente a perder preciosos votos e, finalmente, ser afastado e tornar-se réu no STF.

            A agenda político-judicial provoca imenso impacto na produção do Governo e  do Congresso Nacional. Por mais que o discurso oficial diga que tudo está "nos trilhos", verifica-se que o clima é de provisoriedade. Isso fatalmente influenciará no desempenho da economia pois os investidores não operam na incerteza. Os últimos movimentos políticos sinalizam ter ficado claro que ao mercado pouco importa se o governo estará nas mãos de Temer, de Rodrigo Maia ou de alguém que venha a ser eleito indiretamente, desde que continuem as reformas e não retornem os procedimentos que derrubaram Dilma e o PT. Independente do resultado, espera-se que os parlamentares  decidam o mais rápido. Cada dia que se espera é mais um atraso na recuperação econômica e, mais que isso, perda de tempo na construção das bases para as eleições de 2018 que, se bem encaminhadas, poderão revelar novas forças e atribuir uma nova feição ao Brasil...
Dirceu Cardoso Gonçalves

por Dirceu Cardoso Gonçalves

Tenente – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)
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