Artigos / Renato Gomes Nery

31/05/2017 - 12:49

​Atire a primeira pedra...

No Evangelho, há uma passagem em que Escribas e Fariseus, levaram a presença de Cristo uma mulher acusada de adultério e lhe indagaram: “Mestre essa mulher foi flagrada em adultério e a lei de Moisés diz que ela deve ser apedrejada, tu o que dizes?” (João 8.3-5). Jesus, após insistência, respondeu: “Quem de vós estiver sem pecado, seja o primeiro a lhe atirar uma pedra!”.
 
Querem crucificar o Presidente da República por ter confessado algumas incontinências, através de uma gravação clandestina realizada por um bilionário corrupto e delator induzido a retirar-lhe uma confissão. E por sua colaboração lhe seria dado perdão, de todas suas inúmeras e incontáveis falcatruas, por conta de uma controvertida delação premiada. Tudo o que ele fez ser-lhe-á perdoado. O crime compensa!
 
E agora querem a todo custo retirar do cargo o Presidente da República. Enfim entronizaram a máxima: os fins justificam os meios. Se o fim é bom não importa os meios. O conteúdo da confissão justifica a forma que ela foi obtida. Um absurdo!
 
O sigilo das pessoas é inviolável, e não há exceção que justifique quebra-lo de forma tão canhestra ou sob qualquer pretexto. Este procedimento era comum nos regimes Comunistas, Nazistas e Fascistas. O precedente é perigosíssimo, pois legitima a bisbilhotice como prova. Entroniza a fofoca e deixa a vida alheia a mercê de escutas e gravações clandestinas, que não devem ser posteriormente validadas pela Justiça.
 
                               Se o Presidente da República teve seu sigilo quebrado desta forma, imagine o que pode acontecer com nós outros. Aqui no Estado de Mato Grosso fizeram coisas parecidas, descobertas recentemente.
                                                                                       
                               Querem com esta suspeitíssima e controversa prova que o Presidente renuncie ou que responda processos que objetivem retirá-lo do cargo.
 
Neste País colonizado através de Capitanias Hereditárias, onde o público e o privado eram a mesma coisa, é prosaico usar provas controvertidas e postular os rigores da lei para quem supostamente a infringe.
 
Quem é santo? O Congresso com a maioria comprometida com desmandos? O Ministério Público e o Poder Judiciário – com as exceções devidas - que têm os salários pagos de acordo com as conveniências, a revelia da Constituição Federal que os limita?
 
Será que neste período turbulento surgirá algum Santo, descomprometido com todo este corroído sistema para governar o País, com o Congresso que temos, para dar andamento ou fazer as reformas que o País precisa?
 
Neste cabaré de cegos – onde a controvertida delação ainda será apreciada pelo STF - não será melhor permanecer como está, quando o País já caminha para sair do atoleiro onde foi metido pela corrupção, desmandos e pela incompetência crônica, dando um basta aos casuísmos e oportunistas de plantão, aguardando-se as próximas eleições?
 
De todos os algozes - que apareça alguém e atire a primeira pedra!
Renato Gomes Nery

por Renato Gomes Nery

é advogado em Cuiabá
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