Artigos / Ricardo Vanini

02/12/2016 - 09:06

Cáceres que te quero linda!

Abençoada por Deus e linda por natureza, Cáceres segue seu destino rumo ao desenvolvimento e crescimento, condição  que há tempos  deveria ter conquistado. Das incursões  de  Cabeza de Vaca, canoas e batelões dos Guatós, Xarayés e  Guaicurús,  moções dos bandeirantes paulistas,   aos atuais  e  modernos barcos hotéis, sempre teve o Rio Paraguai como principal portal de entrada, levando e trazendo riquezas, alegrias e emoções do povo mais miscigenado desta nação.

Motivo de disputa entre os reinos Luso e de Castela, Vila Maria do Paraguai,  fundada por Albuquerque,  situa-se em extraordinária localização geopolítica, região central   da América do Sul, a 1.500 quilômetros das costas do Atlântico e do Pacífico,  no entroncamento  que interliga as Rodovias Federais - BRs 364, 070,174, e a  MT 343, além  de possuir o  porto mais alto da histórica Hidrovia Paraguai Paraná.

De coletora de impostos do Império Português, para  um modelo de economia pecuária exportadora, explorando recursos naturais como a pele de animais silvestres, bicho da seda, óleo de babaçu, poaia, borracha e bovinocultura.  No pós-Guerra do Paraguai,  exporta pela Bacia do Prata para a costa brasileira e países europeus. As   fazendas Jacobina, Descalvados, Ressaca, Facão e Barranco Vermelho, são grandes produtoras de extrato de carne e derivados, cachaça e açúcar.

Sua identidade  cultural imortalizada nas touradas e cavalhadas, no pé de garrafa e nas festas profanas e religiosas.  Assiste ao translado do Marco Jauru para sua  praça matriz, a  visita de Theodore Roosevelt acompanhado de Marechal Rondon, à chegada do hidroavião Santa Maria,  à passagem da Coluna Prestes,  à construção do Cais Mário Corrêa e do Prédio da Prefeitura, e, por último à  Catedral São Luiz  e a Ponte Marechal Rondon.

Atravessa os acontecimentos do século XX,  como a Revolução de 1932, a II Guerra Mundial, a Guerra Fria, o Golpe de 1964, e sobrevive a uma economia integrada articulada pela indústria nas regiões de maior potencial de mercado e de mais alta renda: sudeste e sul. Conta na década de 1950 , com 50.000 km?, o dobro de sua área atual, recebe    incentivos do Governo Federal através de Planos Nacionais de Desenvolvimento como PIN, PROTERRA,  POLOCENTRO e POLONOROESTE, que têm  como objetivos principais a povoação e abertura da fronteira oeste do Brasil.  Suas chamadas GLEBAS, de terras férteis e propícias para a agricultura, produzem cereais em enormes   quantidades. No município se concentram as agências bancárias, os grandes armazés da Casemat e Cibrazen, o polo de saúde, a segurança pública, comércio de roupas e secos e molhados, os bordéis. Quem não se lembra das Casas Pernambucanas, Tecidos Cuiabá, Frigossol, Casas Buri, Jumbo Supermercados, A Revolução e tantas outras.

Com as naturais emancipações políticas e descentralização dos órgãos públicos auxiliares, Cáceres perde então grande parte de sua economia. Porém, surgem novas vocações para o município que tem mais da metade de seu território em áreas pantanosas. Consolidada como polo regional de 22 municípios, com uma área de 115,072 km? que representam 12,6% do território de Mato Grosso, é referência em saúde, educação, lazer e turismo. Contempla grandes projetos como ZPE, Hidrovia Paraguai Paraná até Nueva Palmira, Uruguai, com 3.442 km, reativação e construção de portos, produção de teka, saída para o Pacífico, operacionalização do Aeroporto Nelson Dantas, etc.

Com 70% de sua área formada por grandes propriedades de até 4.973 hectares, é a maior produtora de bovinos do estado com 1.024 milhões de cabeças, e, 4? maior do país.  Cáceres ainda conta com 17 Projetos de Assentamento, onde 1.855 famílias ocupam uma área de 74.625 hectares.

Por isso tudo, este lindo rincão, de um povo bom e trabalhador, tomado dos espanhóis pelo uti possidetis, não deve parar no tempo. Que os novos bandeirantes, que nos representam no Governo Municipal e na Assembléia Legislativa, permaneçam unidos e   inspirados nesta história de lutas e conquistas, e que, ao se levantarem da rede no cagá do pinto e rezarem suas preces ao santo de devoção, degustarem o guaraná de ralar com água de pote e fazerem o quebra torto ouvindo um aboiado, lutem incansavelmente para que Cáceres, de passado tão glorioso, continue LINDA.
Ricardo Vanini

por Ricardo Vanini

é bacharelando em Turismo pela Unemat. 
E-mail: vaniniricardo@hotmail.com 
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