Artigos / Dirceu Cardoso Gonçalves

14/11/2014 - 11:23

Juízo e política com “P” maiúsculo

O PT cobra um ministério “mais qualificado”, o PMDB quer um ministério mais importante. As agremiações onde são filiados a presidente e o vice-presidente da República querem mais espaço dentro do governo. Em princípio é uma atitude normal pois, pelo menos teoricamente, são “sócios” da nova empreitada governamental que se inicia a 1º de janeiro. Ocorre que a montagem do governo também passa pelos outros partidos que constituem a fisiológica base aliada. Ministérios, secretarias, altos cargos e posições importantes em empresas estatais acabam nas mãos de políticos derrotados nas últimas eleições ou de cabos eleitorais daqueles que, se não forem aquinhoados, negam seus votos parlamentares aos projetos do governo. É uma aritmética muito mal vista pela população, especialmente depois dos sucessivos escândalos político-administrativos.

            Os conchavos que se noticia na fase de montagem do governo são completamente divergentes daquilo que se prega na campanha eleitoral, onde os candidatos pedem o voto do eleitor. O regime de coalizão vigorante desde a “Nova República” atende aos interesses das castas políticas em vez de atrair para as posições chaves do governo as inteligências e aqueles que possam dar sua contribuição ao bom desempenho das tarefas. Parte desses parceiros comete irregularidades e até crimes e o governo é levado à execração pública. Isso tudo é muito mal e nos impõe o atraso. Tanto que hoje temos o empresariado descontente, a população descrente e péssima qualidade nos serviços públicos. Somos o país que menos cresce na América Latina.

            Os eleitos de 5 e 26 de outubro têm o dever de conduzir o país para a sustentabilidade. O governo – tanto o federal quanto os estaduais – tem o dever de bem administrar a máquina pública, criar boas condições para o funcionamento da economia  e prestar os serviços públicos que são direitos da população. A classe política quando na situação tem o dever de sustentar o governo e, quando na oposição, traz a missão de fiscalizar. Toda vez que o político troca seu voto por cargos do lote governamental, ele perde a sua essência, transformando-se num reles mercenário. O povo deixa de respeitá-lo e a sociedade perde.

            Temos tempos difíceis pela frente. Governo e políticos - de situação e de oposição – precisam ter muito juízo. Se não tiverem, dificilmente conterão a voz das ruas e de setores que não suportam mais o clima de insegurança e incompetência governamental e política. É preciso, no mínimo, fazer política com “P” maiúsculo...
Dirceu Cardoso Gonçalves

por Dirceu Cardoso Gonçalves

Tenente – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)
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