Artigos / Dirceu Cardoso Gonçalves

22/08/2016 - 14:19

O legado da Olimpíada e da Copa

           Terminada a Olimpíada do Rio, com 19 medalhas, o Brasil resta na melhor posição até hoje alcançada nos jogos olímpicos. Mas não atingiu a meta, que era de 27 medalhas. Apesar de toda a repercussão, estamos muito longe de ser um país dos esportes. Isso porque há muito tempo, os investimentos têm sido direcionados aos esportes de alto rendimento e nada se faz para incentivar a prática esportiva nas bases, de onde poderiam surgir espontaneamente os novos valores de cada modalidade. Os currículos escolares não têm o esporte como objetivo e as poucas iniciativas desviaram os recursos oficiais atravésONGs fraudulentas freqüentadas por ativistas políticos corruptos.

            Agora é tarde para discutir a conveniência da realização da Olimpíada no Rio de Janeiro, assim como também não cabe mais questionar a Copa de 2014. Mas é indispensável que os órgãos de fiscalização e controle acompanhem de perto o fechamento das contas relativas a esses eventos e, principalmente, o que será feito das instalações esportivas e de todo o aparato construído para dar suporte aos certames. Esses empreendimentos, especialmente os que tiveram a aplicação de dinheiro público, têm de, obrigatoriamente, cumprirem função social e urbanística. Se isso não acontecer, ficará escancaradamente provada a inconveniência da realização tanto da Olimpíada quanto da Copa do Mundo em solo brasileiro.

            Precisam as autoridades e entidades ligadas ao desporto aproveitarem o momento e o legado olímpico para incentivar o povo à prática esportiva sem aquele viés enriquecedor que facilita a corrupção. Temos de incutir no jovem o desejo de praticar o esporte como forma de socialização, cidadania, convivência e saúde, com a possibilidade dos melhores subirem os degraus da fama. Para tanto, as escolas devem ser conclamadas e apoiadas para oferecerem esportes ao alunado. As prefeituras e as empresas a, com recursos próprios e por incentivo fiscal, apoiar os esportes e notadamente as escolinhas de onde possam surgir os futuros craques das diferentes modalidades.

            Nada contra o esporte de ponta. Apenas a observação de que, havendo a prática disseminada das diferentes modalidades pela população, as grandes equipes terão onde buscar seus novos valores e o povo terá nos centros esportivos o seu grande ponto de encontro. Nem todos os esportistas de base conquistarão a glória, mas todos eles gozarão dos benefícios da “mente sã em corpo são”, traduzidos em saúde, convivência pacífica e cidadania. Até os Jogos Abertos do Interior, no estado de São Paulo, poderão voltar a ser aquela grande ação de disputa e congraçamento entre os jovens das diferentes regiões...
Dirceu Cardoso Gonçalves

por Dirceu Cardoso Gonçalves

Tenente – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)
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