Artigos / Wilson Fuá

25/07/2016 - 09:30

Tolerância zerada

               Todas as pessoas são seres milenares, dotados de inteligência, alma e emoção, iguais perante a criação e  que de forma alguma devem   ser avaliadas por qualquer condição ou situação social de apenas uma existência.  Assim, alguém atualmente de baixo poder aquisitivo não pode nem deve ser excluído de um sistema, pela condição passageira de uma vida, haja vista, que o seu valor enquanto ser, inteiramente integrado no universo, é eterno e transcende o espaço do hoje e do agora.  Numa observação supérflua e rápida, podemos constatar pessoas de elevado poder aquisitivo, vivendo da miséria emocional a base de psicotrópicos na tentativa de melhorar o ânimo, destituída de  prazer pela vida, atrelando suas alegrias  na experiência  de satisfações temporárias e  artificiais. 

               A nossa passagem por esta vida é muito rápida, mas o suficiente longa para cometermos erros irreparáveis, julgando muitas vezes com extremo rigor e pouca tolerância, assumindo atitudes individualistas, que por vezes são  dispensáveis ,simuladas e até agressivas ao círculo em que vivemos.

             Em geral o que nos leva a mecanizar e automatizar as nossas atitudes são  porque elas  comumente são formatadas e  administradas dentro de um senso comum e lógico , desconsiderando as potencialidades  próprias de cada ser em processo de desenvolvimento, computando  apenas a observação    momentânea,  insuficiente para diferenciar o supérfluo  do necessário   e essencial à vida.

               Nos  círculos sociais em que vivemos  muitas pessoas se colocam acima das outras, simplesmente pelo poder relativo da riqueza material acumulada, esquecendo-se  que ninguém está milimetricamente acima ou abaixo de ninguém. Na verdade elas se esquecem da  relação fraternal e solidária , da igualdade e da amizade, instrumentos de extrema importância no ato de relacionar-se . E erroneamente, optam por todo tipo de discriminação e preconceitos  nas relações sociais como  forma de escudo e/ou defesa daquilo que supostamente acumularam ,  pois infelizmente no sistema capitalista em que vivemos , a todo instante somos classificados,  pela nossa  condição financeira, intelectual, estética,  fama ou qualquer outro tipo de parâmetro social meramente ilustrativo .

            A ditadura do preconceito desponta  em todas as classes sociais  e lugares, dai a razão de percebermos  a todo instante em  nosso convívio , atitudes de desrespeito e desconsideração  que constituem   uma das mais drásticas e destrutivas  mazelas  nas relações  da humanidade.

           Julgar alguém  simplesmente pela aparência engessa a inteligência e faz gerar toda sorte de discriminação e descontrole .Desta forma, nesse jogo “segregador”  de separação e escolhas  de pessoas ou de grupos sociais, fatalmente podemos provocar  infelicidades às  pessoas, desencadeando lágrimas secas e invisíveis,  e em consequência cultuarmos  injustiças , ou até distorção de  contextos  , fomentando e  violando  direitos humanos.

          Portanto, enquanto vivermos pensando apenas no supérfluo, na vaidade do poder transitório e da acumulação de bens,  classificando  pessoas pela ótica dos interesses, com certeza o tédio, a angustia  serão nossos parceiros mais  íntimos e contínuos nos momentos de reflexões.

          A espiritualização do ser nos emprestará  sempre recursos para que possamos aceitar e entender os nossos limites, a aceitar o outro com os seus acertos e desacertos  valorizando cada  fato com a singeleza e beleza perceptível apenas nas mínimas coisas que nos acontecem e que verdadeiramente nos tornarão melhores dia após dia. E, ainda nos permitirá  perceber a existência sobre outro prisma, diferente daquele que costumeiramente  o tínhamos, possibilitando-nos a certeza de que estamos em permanente construção e crescimento ,que perfeição não existe e que a tolerância para com os que nos cercam nunca poderá estar zerada. 
Wilson Fuá

por Wilson Fuá

É Especialista em Recursos Humanos e Relações Políticas e Sociais
wilsonfua@gmail.com
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