Artigos / Dirceu Cardoso Gonçalves

16/06/2016 - 10:06

Agora, fechado para balanço

                Com a fixação do teto para gastos, o governo provisório está produzindo um dos mais importantes projetos para tirar o país do buraco. O simples principio de não poder gastar mais do que se ganha ou arrecada, conhecido e aplicado por qualquer chefe de família bem intencionado e conhecedor das operações básicas de aritmética, também é valido para o governo e o mundo dos negócios. Assim sendo, aos governos federal, estaduais e municipais também deve ser vedada a possibilidade de gastarem mais do que a matriz tributária lhes permite arrecadar. E mais: é preciso exigir que cada tostão arrecadado se destine exatamente para a finalidade que sua lei instituidora determinou, sem a possibilidade de governantes e operadores irresponsáveis desviá-lo para outras finalidades, ainda que lícitas. É revoltante saber dos grandes desvios de recursos públicos, que fazem o fausto de uma corte ladra, ao mesmo tempo em que pacientes morrem sem atendimento nas portas e corredores de ambulatórios e hospitais, crianças sem creches e uma série de serviços públicos negligenciados.

                O presidente Michel Temer e sua equipe precisam aproveitar esse período de provisoriedade – que, pelo andamento do processo de impeachment no Senado, deverá durar até meados de agosto – para adotar medidas que estanquem o desequilíbrio das contas e redirecione a máquina pública para a indução do desenvolvimento. O corte das hordas de cabos eleitorais, fim do sustento aos ativistas apoiadores travestidos de movimentos sociais, classistas ou sindicais e de outros vícios cristalizados ao longo dos anos, é fundamental. É preciso apoiar e incentivar os que efetivamente clamam por reforma agrária, habitação e outros direitos, mas não sustentá-los como “exércitos” de militância político-ideológica. Para fazer política, existem os partidos.

Bancos e empresas estatais precisam se abster de patrocinar congressos, eventos esportivos, reuniões ou ativismos que estejam fora de suas finalidades. Questão de respeito ao patrimônio público e estatal. Os partidos políticos têm de se sustentar exclusivamente com recursos lícitos.

                Todos os vícios, malícias e exageros criados ao longo das ultimas década, têm de ser revistos. Governos, governantes e instituições têm de viver a realidade econômica da simples aritmética. E o Brasil, apesar de não poder parar, pelo menos nesse período que aguarda o desfecho do impeachment, precisa ser tratado como aquela empresa fechada para balanço. Só fazer o essencial e tratar da reorganização de meios, processos e finalidades, para garantir o futuro.
Dirceu Cardoso Gonçalves

por Dirceu Cardoso Gonçalves

Tenente – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)
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