Artigos / Dirceu Cardoso Gonçalves

09/06/2016 - 09:01

Os vazamentos e a difícil travessia

               Tornou-se habitual a veiculação de notícias bombásticas, seguidas do protesto dos envolvidos quanto aos chamados “vazamentos seletivos”. Essa verdadeira corrida de gato e rato promove a descrença da população na classe política, na administração pública e até nas instituições. O país possui um vasto ordenamento jurídico, segundo alguns, temos até leis demais. Mas, na democracia de direitos sem deveres, desenvolvida nas ultimas décadas, não se conseguiu implantar o conceito de responsabilidade. Por conta disso, vemos a presidente afastada tratando como “golpe” aquilo que a suprema corte já disse ser preceito legal, e outros atores da cena política e administrativa promovendo o descrédito popular em favor das suas teses. 
                
Os pedidos de prisão de Renan Calheiros, Romero Jucá, José Sarney e Eduardo Cunha constituem elemento explosivo da crise. Reclama-se que a sua divulgação foi um vazamento seletivo, mas há de se compreender que saber de coisa tão inusitada é um direito da população, dona dos votos que sempre elegeram esses senhores. Talvez devesse o próprio procurador-geral da República, em respeito ao povo, divulgar o pedido quando o protocolou. Se, contudo, a divulgação representar pressão sobre o Supremo Tribunal Federal, como defendem alguns, é preciso apurar o ocorrido e promover os devidos reparos. É bom entender, no entanto, que em princípio, nenhuma informação sobre a coisa pública deve ser escondida da população. Aliás, esse é um conceito que o próprio STF passa a adotar ao acabar com os processos ocultos. Mas, se houve o descumprimento de alguma lei ou regulamento, identifique-se e puna-se o vazador.

                Atravessamos mais uma quadra difícil de nossa história. O conceito do tudo pode e nada é proibido foi erroneamente incutido na cabeça do povo. Convoca-se para os próximos dias uma “greve geral” de caráter político. Fala-se em parar o país. Desde 2013 convivemos com as manifestações de rua de diferentes matizes, algumas delas agressivas. Os detentores do poder, inclusive os provisórios, têm uma grande tarefa a cumprir e dela não podem se descuidar. Não podem permitir que, sob qualquer pretexto, a ordem pública seja rompida e isso prejudique o andamento do impeachment presidencial em curso no Senado Federal. Interessa à Nação que o processo vá até o final, dentro da lei e da ordem, independente do resultado. Do contrário, ninguém em sã consciência, pode prever o que virá a seguir...            
Dirceu Cardoso Gonçalves

por Dirceu Cardoso Gonçalves

Tenente – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)
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