Artigos / Dirceu Cardoso Gonçalves

30/05/2016 - 13:26

A ausência do jovem na política

              As mais recentes estatísticas sobre filiação partidária revelam que temos 16.018.485 eleitores filiados aos 35 partidos políticos registrados no Tribunal Superior Eleitoral. Dizem, também, que o maior contingente de filiados (6.034.926) está na faixa etária dos 43 aos 58 anos e que entre os jovens de 16 a 21 anos existem apenas 192.991 com filiação partidária. Se levarmos em consideração que cada uma dessas duas fixas de idade possui entre 5 e 6% da população brasileira, encontraremos a grande discrepância. Os de meia idade são 37% dos filiados a partidos, e os jovens representam apenas 1,20%. O que está levando o jovem brasileiro a tamanho desinteresse pela militância político-partidária? É preciso verificar.

               Tradicionalmente, o jovem é irrequieto, contestador e com sua ação acaba precipitando os acontecimentos. Seu vigor costuma ser a força indutora dos fatos sociais. A história do mundo e do próprio Brasil está cheia de exemplos dessa natureza. São coisas que deram certo ou errado, mas fizeram a sociedade evoluir. As próprias campanhas eleitorais têm o seu discurso voltado para o jovem e, mesmo assim, os números indicam que essa parcela da população que, que responderá pelo futuro, não parece interessada. Aqueles que fazem política sinceramente, pensando mais na sociedade do que em si próprios, precisam, no mínimo, corrigir o tipo de abordagem e seus exemplos para os jovens. Evitar que as novas gerações fiquem distantes e só ser manifestem em momentos críticos e sob o risco de serem cooptadas por forças radicais.

               A sociedade clama por reformas. A reforma política que está por vir, além de corrigir os vícios que hoje transformam a atividade político-governamental em negociata e favorecem a corrupção, precisa ser motivadora.

Partidos políticos não podem continuar como cartórios ou feudos e meio de vida para uns poucos. É preciso efetivamente ouvir a voz do povo – não apenas através do voto – e reconstruir a participação dos diferentes segmentos para, através do diálogo, buscar o equilíbrio de forças e daí tirar a sustentação para a atividade política. A ausência dos jovens indica que a atividade política não é atrativa. Com isso, toda a comunidade perde e se estabelece o verdadeiro fosso hoje existente entre a casta política e a sociedade.

               É chegada a hora de, através da reformas, buscar a verdadeira participação dos inúmeros segmentos e, através deles, motivar a população a se integrar na vida comunitária e política para, dessa forma, reconstruir o país e fazê-lo cada dia melhor. 
Dirceu Cardoso Gonçalves

por Dirceu Cardoso Gonçalves

Tenente – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)
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