Artigos / Dirceu Cardoso Gonçalves

26/05/2016 - 10:04

Governar sem gastar aquilo que não se tem

                O primeiro pacote econômico do governo Michel Temer atende a um princípio que qualquer chefe de família responsável conhece: não gastar mais do tem. A determinação de não permitir que o orçamento de um ano seja superior ao do exercício anterior acrescido da inflação do período pode ser uma grande e simples medida profilática num país onde, irresponsavelmente, os governos inchados tiveram seus gastos ampliados em 6% em média todos os anos e levaram  à implosão do caixa. A meta fiscal, que prevê déficit de 170,5 bilhões, aprovada no Congresso Nacional, é o cheque especial que possibilitará o funcionamento da máquina pública até o final do ano. Mas é importante a adoção de medidas de economia para evitar ou pelo menos diminuir o tamanho do rombo em 2017.

                Mais do que engessar os orçamentos públicos a percentuais da arrecadação para diferentes setores, é importante que cada tostão saído do cofre seja bem aplicado. É preciso fiscalizar a efetiva prestação dos serviços que justificam a saída do dinheiro. O governo, dentro de sua própria casa, tem de se livrar da extensa horda de cabos eleitorais, favorecidos políticos e ativistas independentes ou ligados aos viciados movimentos sociais e aparelhos sindicais, que mamam nas tetas oficiais. Há também de se controlar os patrocínios a atividades que não atendam a finalidade dos órgãos financiadores e limitar e varrer da administração aqueles que são pagos para enganar o povo em blogs e publicações tendenciosas. Um governo bem intencionado não precisa dessas artimanhas, tão perniciosas e comparáveis à corrupção.

                Também é importante buscar novos protocolos para garantir o direito de ir e vir do povo, a integridade de repartições e serviços que ultimamente têm suas vidas tumultuadas e sofrem prejuízos decorrentes da desobediência civil praticada por grupos de interesses nem sempre confessáveis. As ações das polícias de São Paulo e Rio de Janeiro, desocupando escolas e repartições, é um bom começo, mas deve se ampliar para vias públicas (ruas e estradas) onde o usuário não deveria ser prejudicado pela intransigência do ativismo irresponsável. Essas ações também trazem prejuízos, além do desconforto. Repartições, escolas, terminais de transporte e vias públicas têm funções vitais para a comunidade e jamais deverão ser obstruídas. Têm de ser desobstruídas imediatamente, independente de decisão judicial, e os responsáveis conduzidos ao distrito policial para providências.

                Espera-se de Michel Temer o compromisso com um Brasil mais sustentável e pacífico. Os radicais que ainda insistem em recitar mantras e tentam ganhar no grito precisam ser contidos com a razão e o convite à conciliação. O Brasil precisa urgentemente voltar aos eixos, e não pode esquecer das reformas que podem ser duras e até contestadas, mas são necessárias para evitar futuras crises. Chegou a hora de devolver a paz e a tranquilidade àqueles que querem empreender, trabalhar e fazer o país avançar. Oxalá isso seja possível através da conciliação e da paz e que os cultores da desordem e da violência, vendo o sucesso das iniciativas, desistam do ativismo a qualquer preço.
Dirceu Cardoso Gonçalves

por Dirceu Cardoso Gonçalves

Tenente – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)
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