14/05/2016 - 07:39
A crise politizou a sociedade
O país passa em sua história por momentos de crise moral,ética e econômico-financeira, sem precedentes, provocando um rico quadro de reações e inúmeras consequências em nosso meio social.
A crise em si, deixará um legado positivo a nossa população, desenvolvendo um processo de “politização ” espontânea do povo esperançoso por uma nação democrática e organizada para promover descarte de tudo aquilo que no momento nos oprime.
Percebemos que gradativamente, frente ao tumulto político instalado, e independente da classe social, as pessoas passaram a buscar maiores conhecimentos sobre o contexto político -social e econômico em que vivem, bem como, instruindo sobre a forma sistemática do funcionamento das nossas instituições públicas, tais como: poderes constituídos ( Câmara Federal e Senado) poder judiciário, poder executivo e a partir daí, se posicionaram como cidadãs e cidadãos brasileiros conscientes e conhecedores dos seus direitos e deveres.
A esquerda antes composta apenas por elementos de barba “por fazer” e que estavam sempre dispostos a lutar pelas suas ideologias, promovendo manifestações pelas ruas com bandeiras, carros de som, faixas dentre outros instrumentais, ficou superada e ofuscada perdendo a cadeira cativa e transferindo o brilho de grupo atuante, e diante da crise, novos grupos e novas camadas da sociedade brasileira, que de forma criativa e independente de filiação partidária, saíram às ruas e deram um show de exercício da democracia.
Frente a um quadro desastroso que assolou o país, as pessoas voluntariamente, saíram as ruas, vestiram camisetas verdes, amarelas e/ou vermelhas, carregando bonecos, banners, faixas e badulaques dos mais criativos, com palavras de ordem gritavam reivindicando direitos e demonstrando as suas indignações e as suas insatisfações pela forma como se encontrava o país e pela qualidade dos políticos que as representavam.
Vários foram os fatores que ativaram esse estado de insatisfação: Recessão, PIB em queda, corrupção em alta em todos os níveis nos poderes constituídos, taxa de desemprego aumentando, inflação crescente, aumento da pobreza, desvalorização da nossa moeda, baixo desempenho econômico, aumento da violência e da insegurança urbana e rural, dentre outros sinais de alerta. Essa sincronia de fatores, constituíram a gota d'agua, que de forma ao avesso, foi capaz de impulsionar para as ruas, segmentos da nossa sociedade que jamais se posicionaram politicamente, e que desta vez clamaram determinadamente por mudanças, demonstrando que atingiram um limite de tolerância e maturidade capaz de dar um basta a tudo que estava posto e deteriorado num sistema adoecido, apodrecido e em ruínas que transformou em nosso Brasil.
Foi emocionante ver o povo na rua, numa demonstração de aprendizagem crescente e uma maneira inusitada de lidar com as questões que afetam o coletivo, possibilitando desta forma, o renascimento de um país cheio de esperanças, novo em sonhos e com o desejo de dias melhores para todos.
O cenário do mundo político, sujo e desonesto, constituído por personagens que optaram pelo “vale-tudo”, e que sempre antes de concluir um mandato, já estavam se articulando e se estruturando, pensando em novas disputas e que para não correr o risco de ficarem longe do poder e perder do “fórum privilegiado” que poderia acarretar o surgimento de situações adversas e indesejáveis na caminhada na contra mão do poder.
Assim, cabe agora aos eleitores a reflexão e a missão mais difícil e árdua ao adentrarem numa cabine eletrônica: a responsabilidade e a consciência de tocarem as teclas da urna com a convicção de que estarão dando um passo que decididamente influenciará a sua vida e a construção da própria história de seu povo. Importante ressaltar que todos temos em nossas mãos a capacidade de alterar esse quadro de corrupção que se instaurou em nosso meio e extirpar de vez esse câncer que de forma sistêmica contaminou e fez metástase em todos os órgãos básicos das instituições publicas do nosso país .
A participação e o engajamento na militância política mais que uma arte, é a capacidade de administrar os opostos muitas vezes com um alto preço a pagar. Em inúmeras situações a exclusão de correligionários se torna o caminho mais comum por não fazer o jogo dos supostos donos do poder, ou por constituir em elemento desagregador ou inconveniente ao sistema político vigente, onde a regra que prevalece é a supremacia da individualidade, frente às causas coletivas deixando claro a lei da vaidade exacerbada : “cada um por si, e Deus por todos”.
Usando da filosofia, "cada um por si", com certeza o caos refletirá para todos. Pois os aventureiros da política de plantão se instalarão nos postos de decisões e promoverão dentro de um contexto medíocre e estreito o controle social, prejudicando sobremaneira a nossa sociedade.
Na política devemos ter o cuidado e a capacidade de discernir o que é certo do que é errado, com a clareza de que nenhuma verdade é absoluta e, portanto, inquestionável. O limiar entre o que é ético e antiético, fica condicionado aos valores edificados na base familiar de cada um, e em nosso linguajar, alguns até dá o tom em caracterizar e identificar o povo menos consciente, classificando-os com o sinônimo de "bobó cheira-cheira", ou " otários ", mas quem viver, por certo verá o desaparecimento desses personagens e enfrentarão uma nova onda de protesto da população, posicionando e manifestando por justiça social e ética na política, tenha certeza que país está sendo politizado por força da crise: “só aprendemos a nadar, quando a água bate no traseiro”.
por Wilson Fuá
É Especialista em Recursos Humanos e Relações Políticas e Sociais
wilsonfua@gmail.com
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