Artigos / José Antônio Lemos dos Santos

08/05/2016 - 07:49

Estados Unido de Mato Grosso

     O dia 9 de maio marca o aniversário de Mato Grosso e ainda não é comemorado com toda a efusividade e orgulho que o homenageado merece. A data lembra 1748 quando o rei de Portugal, dom João V, através de Carta Régia determina a criação de duas Capitanias, “uma nas Minas de Goiás e outra nas de Cuiabá”. A que seria das Minas de Cuiabá virou a Capitania de Mato Grosso e para governá-la foi nomeado dom Antonio Rolim de Moura, futuro Conde de Azambuja, que tomou posse e permaneceu em Cuiabá até Vila Bela ficar pronta.

Morou em Cuiabá próximo à pracinha que lhe homenageia, conhecida como Largo da Mandioca. Depois chegou a ser vice-rei, o governante maior no Brasil na época, representante local de El-Rey. Se o presente para Cuiabá em seu Tricentenário pudesse ser a revitalização do seu centro histórico, ao menos com um projeto completo envolvendo os governos federal, estadual e municipal, a reconstrução histórica da casa de Rolim de Moura seria mais uma poderosa atração nesse que poderá ser um novo polo cultural e turístico cuiabano, gerador de emprego e renda.

     Sei que muitos acham que não temos nada a comemorar, alegando que em Mato Grosso faltam escolas, hospitais, esgoto, rodovias, ferrovias, etc. São os que só enxergam o que falta. E é bom que existam pessoas assim, desde que de forma construtiva. Prefiro enxergar aquilo que existe, em especial o que foi produzido pelo trabalho do povo, autônomos, patrões e empregados, apesar de todas as dificuldades e de tudo o que nos falta. Mato Grosso é hoje o maior produtor agropecuário do país, liderando o país em gado, algodão, milho, girassol, milho de pipoca, feijão, soja e também é um dos maiores produtores de ouro, diamante, madeira, álcool, biodiesel, carnes de frango, suíno e peixe. Melhor, Mato Grosso não produz armas, instrumentos da morte, como muitos dos que nos criticam. Ao contrário, com orgulho ajuda a matar a fome do mundo, ainda que sem plena consciência desse importante papel.

     Para chegar a esta posição Mato Grosso conta com a extensão e diversidade produtiva de seu território e, principalmente, com o trabalho sofrido e determinado de sua gente em todos os cantos. Comemorar os 268 anos de Mato Grosso é festejar a grande obra do mato-grossense que ano passado, apesar da crise, produziu um superávit comercial de US$ 13,7 bilhões, mais de 2/3 (66,4%) do saldo comercial brasileiro, o que daria para construir vários hospitais, escolas, ferrovias, duplicações rodoviárias e melhorar a qualidade dos serviços públicos. É o sexto estado maior exportador do Brasil e literalmente vem entupindo o Brasil alimentos, para consumo nacional e mundial, em um país que não se preparou, e não se prepara, para o tanto que este estado gigante produz, descompasso que tem custado caro em termos econômicos, ambientais e de vidas humanas aos mato-grossenses.

     Comemorar os 268 anos de Mato Grosso não é ufanismo idiota, é festejar a riqueza construída, mas também cobrar tudo o que o povo que a produz tem direito. É ver hoje Mato Grosso rico espantando a pobreza que sempre foi o álibi dos maus governantes. O mato-grossense tem que festejar com alegria, orgulho e muitas cobranças. O sucesso de Mato Grosso é a força do trabalho de seu povo unido na grandeza e diversidade de seu território, e seu maior produto é sua gente, que lembro na figura de Rondon, um dos maiores homens gerados pela a Humanidade, cuja data, 5 de maio, passou despercebida em sua própria terra. Ainda com muito a consertar, Mato Grosso é para ser festejado, imitado e, sobretudo, aplaudido.  Viva Mato Grosso, unido e forte!   
José Antônio Lemos dos Santos

por José Antônio Lemos dos Santos

É arquiteto e urbanista, e professor universitário em Mato Grosso.
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