Artigos / Dirceu Cardoso Gonçalves

02/05/2016 - 11:02

1º de Maio, aumento para quem não trabalha

               Estabeleceu-se, nesse 1º de Maio um verdadeiro paradoxo. No Dia do Trabalho, o governo anuncia aumento no valor do Bolsa Família, um programa social criado para atender àqueles que, por alguma razão, não têm trabalho. Fez-se isso num momento em que o pais amarga a mais alta taxa de desemprego, fruto da desastrada política econômica implementada pelos governos do Partido dos Trabalhadores e partidos da sua base aliada que, para fazer frente à crise da economia mundial, potencializou o consumo através do crédito fácil e temerário e da renúncia fiscal que acabou ensejando atos de corrupção hoje apurados judicialmente.

               O trabalhador brasileiro não teve o que comemorar nesse 1º de maio. Pelo contrário, no momento em que está desempregado ou teme perder o seu emprego, ele vê o esfacelar do partido político e o migrar dos seus aliados (entre eles o PMDB) que, com o discurso fácil e os conchavos, ascenderam ao poder e, encastelados, viraram-lhe as costas e hoje são alvos das mais graves acusações de corrupção e irregularidades. Se sonhou com dias melhores, hoje já se conscientizou que não será através da política desses partidos em que um dia confiou. Muitos não sabem, nem, se poderão confiar em alguém. A desesperança é um grande mau para o país.

               A outra medida pseudo-populista anunciada pela presidente, em 1º de maio, é a correção da tabela de isenção do Imposto de Renda. É, sem dúvida, uma reivindicação geral, mas, se a quisesse implantá-la de fato, não precisaria fazê-lo à véspera de seu afastamento. Conclui-se que se não estivesse para cair, não o faria.

               Pela atitude ora adotada, é preciso vigilância total sobre esses últimos dias em que a presidente continuará no poder. Embora tenha autoridade para tanto, há que sequestionar as “bondades” que possa assinar e deixar para o sucessor cumprir. Poderão existir, entre os atos de governo, algumas bombas de difícil desarme. O mais decente e correto para com a nação, seria Dilma apenas despachar o expediente, mas não há garantias de que ela tenha a suficiente grandeza para assim agir.

               Acusar o vice de “golpe” é expediente normal de todos os governantes prestes a cair. Já se viu isso acontecer em episódios anteriores, também em estados e municípios. Mas adotar medidas populistas de ultima hora que possam estourar nas mãos do sucessor, é o cúmulo da desonestidade. É preciso compreender que, depois do impeachment, independente do resultado, todos nós teremos um Brasil para reconstruir. Quanto mais devastado estiver, mais difícil será a recuperação e maior o sofrimento do povo, especialmente dos que hoje padecem com o desemprego.
Dirceu Cardoso Gonçalves

por Dirceu Cardoso Gonçalves

Tenente – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)
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