Artigos / Wilson Fuá

27/04/2016 - 14:54

Ex-autoridades presas

                              De que adianta estar sentado em um monte de ouro, orgulhoso, pensando que cada punhado do seu metal, é uma fibra invisível que liga seu pensamento ao pensamento dos outros e que todas as inclinações do mundo seriam compradas por sua vontade.

                Pensava que era um conquistador invisível do povo, e a eleição  seria o único caminho  para enganar  os menos avisados e através da lábia adestrada pelos Marqueteiros o fez receber milhões de votos.

                De onde vem  essa esperteza que fez hipnotizar massa de pessoas desinformadas  e até muitas com grau elevado de sabedoria?  E, que discursos eram aqueles que fizeram as pessoas a confiar em palavras vazias? Pois ele até dizia que transformaria o Estado num mundo pujante e seria um lugar de felicidade, onde as pessoas teriam o prazer em viver, e que este lugar sob seu comando seria projetado num espaço fortificado e em posição estratégica onde o mundo inteiro renderia à sua potencialidade, e o povo deixaria de procurar um líder, pois teria encontrado em seu nome exemplar,  tudo aquilo que procurava.  E,  num simples ato dentro da cabine eletrônica, bastou  para lhes dar a procuração em forma  confiança através dos votos. 

           Infelizmente o povo caiu em mais um golpe. Pois tudo isso eram mentira, na verdade ele era um ser viciado a desviar recursos públicos, e conseguiu aglutinar ao seu comando técnicos com muito esperteza  para “tomar conta” do cofre público, e com nebulosas transações, dilapidaram parte significante do Ativo Financeiro do Estado e assim foi acumulando milhões de recursos do povo como se fossem seus.  

         Corria de boca em boca, pelas ruas, pelas vielas e pelos bares que ele roubou tanto, que não aguentava carregar.  Alguns mais próximos até o viram sem terno e sem faixa  atrás de seus cofres  repletos de dinheiro público,  e os íntimos  puderam vê-lo com coração atormentado pela possibilidade de ir para prisão, e seus sonos eram interrompidos durante a noite com a proximidade das operações, pelo medo de uma possível  solidão e o isolamento,  eram tantas angustias e ansiedades, que só de pensar  que seria transformado igual um pássaro aprisionado numa gaiola de ouro e sem água, o deixava enlouquecido.

        Nos momentos antes da prisão, delirava vendo ele mesmo sentado em seu trono, e mesmo sem o poder, gritava:

        -  “onde estarão os meus  súditos leais que exaltam todos os dias a minha  potencialidade?” 
         - “E, onde estariam aqueles que me olhavam como um profeta capaz de lavar as almas dos desesperados e para me bajular, repetiam seguidamente  que até me viam  passeando entre as estrelas naquelas noites de festas no Palácio?”.

           Alguns bem próximos que viviam a comer em suas mãos, até diziam que ele fazia questão de discursar sobre suas realizações e euforicamente, batendo em seu peito se vangloriava sobre sua superioridade dizendo: “sou o dono deste lugar e os homens das leis são todos meus amigos”. 

Mas, esqueceu-se de ouvir o que a rua dizia: “esse homem será preso porque é nhapador”;  “esse homem roubou pra daná”, mas  ele acreditou que as suas mentiras e as suas falcatruas  superariam  a verdade de toda a justiça, ele até sorria e dizia que: “diante de todo meu dinheiro, a leis são letras mortas”.

       Hoje a cadeia é a sua morada, a sua liberdade se resume a quatro paredes de 2 por 2. No presídio aquele ex - poderoso,  tem como música somente o ranger dos metais, nos movimentos  do fechar e abrir das grades, seu programa se resume no banho de sol, e durante o seu viver tem como companhia a  solidão impositiva, ficaram as lembranças de sua imagem sentado seu trono do estado, mas hoje sabe que o seu passado o transformou num homem com um rosto mortificado pelo exílio e a pelo isolamento impositivo.

            Dizem que ao olha-lo pelas câmaras, os funcionários do presídio até o veem surtar,  a dar ordem a fantasmas invisíveis pedindo por banquetes e Whisky Johnnie Walker, e Blue Label, mas fica a esperar e suas ordens se perdem ao vento.

        Passa durante as noites, fica olhar e procurar nas grades vizinhas alguns dos seus auxiliares  presos,  e aos gritos ordena-os para que o leve para uma pátria longínqua, para que ele possa fugir do seu isolamento e solidão, pois o barulho do silêncio está o matando de tristeza.

             Hoje a sua casa é a cadeia, e ela é vazia e escura, a dor da sua consciência tenta iluminá-la, mas o resta é  somente com as lâmpadas do seu vizinho de cela  e o vazio do seu coração não pode nem enchê-lo como todos os seus bens roubados, pois estão todos penhorados.

           Hoje não tem amigos nem nada, e sua vida de primavera se resume a visão imaginária  de um jardim plantado por outros. Sente que nada pode, pois se estiver no pico de uma montanha dos seus desejos, não poderá abaixá-los para um vale onde os caminhos foram abertos por outros pés calcados em forma de honestidade.

         Logo saberá que no seu futuro escuro, será apenas um homem bem diferente das aparências do  homem que tinha o seu nome,  porque os Juízes  da lei entendem que a sua liberdade traz perigo para a sociedade e se juntar com seus amigos, poderá formar numa quadrilha maléfica, e que apagará provas e constrangera testemunhas.

         Nas suas tarde,  tem a visão enlouquecida ao olhar no espelho quebrado da cadeia, e o faz, passar horas a olhar a sua imagem, onde nem ele reconhece a si mesmo.

      Hoje na cadeia talvez entenda que a sua casa transformou–se numa casa afastada de todas as outras casas, e seu comando não existe porque sua voz não é sua e suas forças ficaram fracas.
Wilson Fuá

por Wilson Fuá

É Especialista em Recursos Humanos e Relações Políticas e Sociais
wilsonfua@gmail.com
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