26/04/2016 - 10:48
Sem reforma não há solução...
Mais uma vez o brasileiro se vê envolvido por uma profunda crise econômica, de governo e ética, que ameaça descambar para a crise social. Olhando para o passado que pessoalmente vivemos e ao que a historia consolidada nos legou, verificamos que a dificuldade brasileira é sistêmica. Com diferentes cenários e coadjuvantes, ela é a mesma há pelo menos oito décadas. O presidencialismo confere todo o poder e muita responsabilidade ao governante e, por sua natureza, não permite solução de curto prazo quando o titular se desvia da rota segura, executa políticas temerárias ou, até, comete crimes.
Os conchavos pela conquista e/ou manutenção do poder tem levado sucessivos governos ao fracasso e o país a oscilar entre a democracia e autoritarismo que, paradoxalmente, também se autodenomina democrático. O clássico embate entre esquerda e direita sempre presidiu a movimentação política mas, para desapontamento geral, o pano de fundo de toda a ação política sempre foi divisão do poder. As tentativas parlamentaristas foram inviabilizadas e o que nos restou nas ultimas décadas foi um presidencialismo com a junção dos seus males às inconveniências do parlamentarismo. Não podia dar certo!
Agora enfrentamos mais uma encruzilhada. Certamente teremos uma solução. Mas ela não será duradoura se não priorizar a reforma política. Há que se acabar com o vergonhoso conchavo que constituem as maiorias parlamentares, eliminar a troca de pedaços do governo por votos congressuais e estabelecer requisitos mínimos para a viabilização dos partidos políticos. Não podemos mais continuar convivendo com o escambo que hoje se verifica em todos os níveis (federal, estadual e municipal) entre Executivo, Legislativo e partidos políticos, onde os eleitos se descaracterizam e perdem a condição de representar o povo, pois têm de representar os interesses próprios e daqueles de quem recebem benesses.
Além de recolocar o país em funcionamento, o governo que resultar da atual crise tem o dever de promover uma verdadeira reforma política. Definir um regime de governo autêntico e que atenda aos interesses nacionais. O país não pode continuar vivendo de deu em deu, com períodos de desgoverno e vácuo de poder como o que hoje experimentamos. A figura do político tem de ser resgatada para a opinião pública como a de um cidadão de bem e em condições de participar da gestão da coisa pública. Precisamos de um sistema ágil de governo e de políticos acima de qualquer suspeita. Do contrário, a instabilidade cíclica não terá fim...