Artigos / Dirceu Cardoso Gonçalves

28/03/2016 - 15:32

A preocupação com o dia seguinte

               À medida que avança o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, que já tem data prevista para votação – ao redor de 19 de abril –, entram em cena as preocupações com o dia seguinte. Aliados do vice Michel Temer, que assumirá o governo, já “montam” seu plano de governo, e o Partido dos Trabalhadores movimenta-se para definir sua atuação como partido de oposição. Ainda não temos o quadro definido, mas os políticos já possuem o cenário delineado ao mesmo tempo em que a presidente Dilma e seu governo fazem os últimos esforços para atrair votos contra o impedimento, oferecendo cargos que podem restar vagos com a saída do PMDB da base do governo. Difícil conseguir aliados por esse meio fisiológico, já que o outro lado também pode acenar com cargos aparentemente mais duradouros.

               Se nesta terça-feira o PMDB confirmar sua saída do governo, ficará mais difícil para Dilma e o PT conseguirem os 172 votos de deputados para barrar a aprovação do processo de impeachment. Até porque, atrás do PMDB, que tem 69 deputados, também ameaçam sair da base o PP (49) e outros partidos. Restará ao governo apenas esperar o resultado da votação e trabalhar pela rejeição do processo no Senado, outra tarefa quase impossível na atual conjuntura.

               A essa altura dos acontecimentos, as preocupações mais concretas são voltadas ao dia seguinte. O simples afastamento da presidente e seu governo não resolverá os problemas do país. As primeiras sinalizações da equipe de Michel Temer apontam para a contenção e racionalização de gastos e a outras medidas que podem ser impopulares. Depois dos últimos anos de política econômica populista e temerária, é preciso buscar soluções sustentáveis, que dêem ao investidor relativa segurança para voltar a empreender em solo brasileiro. O controle da máquina estatal deve ser efetivo e transparente e o combate à corrupção precisa continuar até o esclarecimento de todas as pendências levantadas a daquela que ainda venham a surgir.

               Há que se adotar medidas eficazes para reanimar a produção nacional e devolver a rentabilidade ao empreendedor e o emprego ao trabalhador. A coisa pública precisa ser tratada com mais respeito e a população tem de deixar de ser insuflada à desobediência civil. Precisamos de um Brasil de paz. Mais importante do que o nome do governante é a tarefa que ele tem de desempenhar. Sem esse cuidado, a crise persistirá...
Dirceu Cardoso Gonçalves

por Dirceu Cardoso Gonçalves

Tenente – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)
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