Artigos / Airton Reis

22/03/2016 - 09:37

Aparências questionadas

     Bacalhau dessalgado.  Quem provou? Papagaio do bico quebrado. Quem engessou? Fome de poder. Quem se fartou? Bicicleta sem aro. Quem pedalou? Foro privilegiado? Quem alcançou? Moro togado. Quem apóia? Jararaca, cascavel ou jibóia? Cavalo dado nem sempre é cavalo de Tróia.

     Memória viva ou memorial popular na escuridão? República Federativa ou república da especulação? Mais circo armado ou mais pão? Mais denunciado ou mais um dedo cortado da corrupção? Quem ganhou a última eleição? Com quantos paus se faz uma canoa destinada à navegação? Brasil litoral, Brasil central ou Brasil sertão?

     Panelaço ou armadura de aço inoxidável? Espaço público ou tempo político deplorável? Quem recebeu mais de um milhão indevidamente? Quem prevaricou no mandato continuadamente?  Quem bateu o martelo institucionalmente? Quem come goiabada feita com marmelo? Sítio sem dono ou sítio do pica-pau amarelo? Cuca ou saci? Lenda literária ou minhocão do Pari?

     Quati ou lobo guará? Quem invadiu o galinheiro além de Cuiabá? Bem-te-vi ou sabiá? Quem chocou o ovo aqui e acolá? Com quantas penas um filhote consegue voar? Com quantas penalidades uma inocência é presumida? Com quantas moedas se salva uma economia falida? Gênio da lâmpada maravilhosa ou verso continuado em conto que se faz prosa? Mate – quente ou gelado – na cuia ou guaraná ralado na grosa? Boca do leão ou toca da pantera cor de rosa?

     Ela nervosa. Ele descompassado. Eu apenas um poeta do Pantanal e do Cerrado. Tu um leitor bem informado. Nós os eleitores em mais de um pleito informatizado. Vós os vigilantes da Lei em papel presente. Eles mais do que equivocados com os encargos de um presidente. Nada é permanente. Tudo é passageiro. Depois de fevereiro outro carnaval. Depois de março quiçá a égide da ordem constitucional.

     Por ora o Brasil é um comprovado vendaval. Águas de março em pleno lamaçal. Vergonha nacional. Descalabro federal. Mais de um pirata da perna de pau. Galera e nau. Enseada criminal. Saque no Palácio em nada imperial. Talher de ouro. Cinzeiro de cristal. Cruz levada sem autorização legal. Ouvidos moucos. Tesouro nas mãos de mais de um ladrão em nada pontual.

     Casa de alvenaria ou Casa Civil? Casa dos usurpadores da democracia ou casa da pátria mãe nem sempre gentil? Casa dos brasileiros em brados retumbantes ou casa dos políticos farsantes além do dia primeiro de abril? Quem mente? Quem mentiu? Quem foi denunciado? Casa de ferreiro ou vespeiro alvoroçado? Colmeia sem zangão ou mel adulterado? Pescoço em francês ou cadafalso medieval reeditado? Quem o carrasco encapuzado? Quando o Brasil desenvolvido? Quando o Brasil alvejado? Quando o verbo moralizar institucionalmente conjugado?

    Dedos na ferida. Ataduras na cicatriz. Final trágico ou final feliz? Machado sem Assis. Aonde a filial? Aonde a matriz? Sujeito composto literalmente sem salutares predicados. Tempos esgotados. Continuaremos em versos livres ou seremos censurados? 
Airton Reis

por Airton Reis

É poeta em Mato Grosso
+ artigos

Comentários

inserir comentário
0 comentários

AVISO: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Jornal Oeste. É vetada a inserção de comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros. O site Jornal Oeste poderá retirar, sem prévia notificação, comentários postados que não respeitem os critérios impostos neste aviso ou que estejam fora do tema da matéria comentada.

 
Sitevip Internet