22/02/2016 - 10:58
O fim de um ciclo
O presidente Fernando Lugo foi deposto no Paraguai, Cristina Kirchner perdeu as eleições na Argentina, Nicolás Maduro foi derrotado nas eleições parlamentares e ficou sem maioria no congresso venezuelano, Rafael Correa vive aos trancos no Equador, Jose Mujica terminou seu mandato no Uruguai e Evo Morales enfrenta a rejeição dos bolivianos à sua continuidade no poder. O bolivarianismo, em suas diferentes variações, vai perdendo a força, num momento em que seus aliados brasileiros também enfrentam dificuldades explicitadas no processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff e nas acusações que vinculam seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, a propinas e favorecimentos hoje apurados pela Operação Lava Jato.
O rumo dos acontecimentos conduz ao raciocínio de que o populismo implantado no continente a partir dos anos 80 do século passado está esgotado. Sucessivas tentativas de organização econômica e desenvolvimento social restam frustradas e, na maioria dos países, as medidas adotadas como salvadoras, que sustentaram e elegeram governos, mostram-se ineficientes e carentes de modificações. Nessa área, nada se cria.
Temos hoje, no Brasil, governo e parlamento desacreditados pela população, ambos tentando se safar dos problemas criados pelos seus próprios membros e por políticas equivocadas. Mais de 30 partidos políticos e milhares de sindicatos que vivem da verba pública e fazem o escambo entre prestígio, poder e outros valores. Nesse quadro de interesses diversos, a máquina pública está cada dia mais desordenada e inconsistente. O país em desequilíbrio padece com a recessão e os consequentes desaquecimento da produção, desemprego e a fome. Indiferentes a tudo isso, os políticos discutem (agora juridicamente) o afastamento do governo, o envolvimentos de partidos e outras inconformidades.
Num momento difícil como o atual, é preciso esquecer a utopias e partir para a ação concreta de governar e gerir o país e suas coisas com simplicidade e objetividade. Esquecer favorecimentos indevidos e fórmulas mirabolantes de progresso sem produção. Os utópicos das últimas décadas – muitos deles hoje no poder - devem lembrar que até seu líder, Fidel Castro, já abandonou os próprios sonhos e deverá receber, no próximos dias, a visita do presidente dos EUA, algo inimaginável décadas atrás.
Há que se reconhecer a supremacia do tempo, verdadeiro senhor da razão. Com ele os modelos se esgotam. A história é testemunha disso...