Artigos / Dirceu Cardoso Gonçalves

17/02/2016 - 17:53

Separar as instituições da crise

               O impeachment da presidente, as denúncias contra os presidentes da Câmara e do Senado, o comprometimento de dezenas de parlamentares e de figuras expressivas do governo – federal, estaduais e municipais – propineiros presos, o ex-presidente às voltas com um sítio, um apartamento e desconfianças sobre sua atuação em favorecimento a empreiteiras. É nesse quadro que começa o ano político brasileiro de 2016, agravado por uma formidável queda na atividade econômica. Os jornais, revistas, rádio, TV e redes sociais expõem uma nação atormentada e os políticos numa verdadeira corrida do salve-se quem puder.

               Enfrentamos um duro teste à democracia. Embora elogiado em prosa e verso, o regime é diariamente vilipendiado pelas falcatruas executadas em seu nome e que, aos poucos, vão chegando ao conhecimento da população enojada. Governos incompetentes e poluídos por grupos que agem em seu ventre e a seu soldo, sob a capa de sindicalismo ou movimento social, criam o clima de intranquilidade e levam a verdadeira nação ao caos provocado pelas atividades político-econômicas populistas e de alto risco.

               Assistimos, nesses primeiros dias do novo ano político, os diferentes segmentos tratarem apenas de salvar o próprio couro através de atos administrativos, jogadas políticas e liminares. Enquanto isso, a economia sangra, o desemprego é crescente e o povo sofre por falta de oportunidades e até dos serviços básicos que os governos têm obrigação de fornecer, mas não o fazem por falta de recursos. Independente do resultado das escaramuças políticas e de quem sobreviva ao final, corremos o risco de, o grande perdedor, ser o Brasil. O desgoverno e o confronto, certamente, nos levarão ao caos. Quanto mais tempo demorar o deslinde da crise política, pior para todos.

               Para a preservação nacional, o melhor seria que todos os acusados de irregularidades fossem afastados provisoriamente de suas funções públicas até a apuração do ocorrido. Se não fosse confirmado o erro, omissão ou crime, retornassem aos postos reabilitados e em condições de exigir judicialmente a penalização de seus detratores. Se as irregularidades fossem confirmadas, não voltassem e respondessem ao devido processo legal.   

               É preciso isolar a crise. O governo, o congresso e a máquina pública não podem ser atropelados, como estão atualmente, pelos malfeitos, desmandos, incompetência ou incúria dos seus membros. A instituição é perene e tem de ser preservada; já seus membros são temporários e, se comprovadamente não servem, precisam ser removidos, sem causar prejuízos ao conjunto. Há que se separar o joio do trigo...
 
Dirceu Cardoso Gonçalves

por Dirceu Cardoso Gonçalves

Tenente – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)
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