Artigos / Dirceu Cardoso Gonçalves

06/02/2016 - 10:27

Lobistas, doleiros e políticos corruptos

              Segundo as melhores definições, o “lobby” é uma atividade de convencimento “exercida dentro da lei e da ética”. Através dela, os grupos de interesse fazem chegar sua mensagem ao governo e ao parlamento. No entanto, ultimamente tem se visto lobistas na prisão e o seu envolvimento em estrondosos esquemas de corrupção, que mancham a imagem de governantes, burocratas, parlamentares e outras figuras que, pela posição em que se encontram, deveriam estar acima de qualquer suspeita.

                A impressão que sobra é de que, não sendo regulamentada no Brasil – como é nos Estados Unidos e na União Européia – a ação do lobista local nada tem a ver com legalidade e ética. Para atingir seus objetivos, esses indivíduos recorrem ao crime deslavado da propina e da compra direta daqueles que possam constituir obstáculos aos seus negócios, normalmente fraudulentos e com preços superfaturados pagos pelos cofres públicos. Inúmeras tentativas de regulamentação da atividade dessa classe hoje subterrânea não prosperaram, principalmente no Congresso, hoje manchado com dezenas de seus membros sob a acusação de receberem propinas dos esquemas operados por lobistas.

                Outro profissional que também é subterrâneo, no Brasil, é o chamado doleiro. Alguns se encontram presos e também revelam esquemas montados para muita gente tida como boa lavar dinheiro da corrupção ou de orígem ilícita. Este sequer carece de regulamentação, pois age criminosamente, violando as leis financeiras e tributárias do país. No entanto, atua livremente, com pouca ou nenhuma repressão. Recorde-se que, no impeachment presidencial de 1992, também havia um doleiro envolvido.

                Precisamos encontrar o formato para a atuação legal e ética dos lobistas. Separar os éticos dos criminosos, da mesma forma que expulsar todos os corruptos do governo, do parlamento e da máquina pública. Encontrar meios lícitos e fiscalizáveis para o custeio das eleições e exercer severo controle patrimonial sobre todos os que se investem em funções públicas ou assemelhadas. O povo brasileiro está farto de tanta sujeira que muitos dos envolvidos insistem, descaradamente, em justificar. Acima das ideologias, correntes de pensamento e, principalmente de partidos, está o dever de honestidade e transparência. Sem o seu cumprimento, jamais conseguiremos eliminar os escândalos e a roubalheira institucionalizada...   
 
Dirceu Cardoso Gonçalves

por Dirceu Cardoso Gonçalves

Tenente – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)
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