Artigos / Dirceu Cardoso Gonçalves

03/02/2016 - 14:08

A greve de curta duração

              A greve realizada pelos aeronautas e aeroviários brasileiros, nessa quarta-feira, tumultuou a vida de quem precisava viajar entre as 6 e 8 horas da manhã e causou dificuldades nas horas seguintes, pois os vôos ficaram atrasados. Mas poderia servir de modelo para as demais categorias que buscam fazer chegar ao empregador as suas reivindicações. Cabe, por outro lado, aos empregadores, entenderem o recado e partirem para a negociação sincera que leve ao equilíbrio entre o pedido e a possibilidade de seu atendimento.

Paralisações de poucas horas ou até de minutos, o tempo suficiente para o anúncio da pauta de reivindicações, são comuns nos países desenvolvidos, onde a greve busca produzir apenas os efeitos trabalhistas para os quais é convocada e nem de longe contemplam metas políticas ou ideológicas.

               O Brasil democrático, feito república sindical, tem padecido com greves intransigentes, irresponsáveis e pouco comprometidas com a sociedade. Os exemplos mais marcantes estão no recente movimento dos peritos do INSS que, mesmo depois de parados por mais de 400 dias, onde deixaram de atender e prejudicaram 2 milhões de trabalhadores, voltaram ao trabalho mas ainda mantém a ameaça de parar novamente. Os professores levam seus movimentos a tal ponto que o ano letivo chega a extrapolar dezembro.

Médicos da Saúde Pública e servidores de universidades fazem greves tão longas, que a população chega a delas esquecer, só lembrando quando vêem a notícia de que o movimento, por alguma razão, terminou. E o pior é que, na maioria das vezes, os grevistas nem têm os dias cortados, ganhando sem trabalhar.

               O direito de greve é previsto no artigo 9º da Constituição, que estabelece regras para sua realização.
Mas o grevismo político costuma não respeitar os limites. As greves acabam por penalizar usuários de serviços e a população e, mesmo assim, os grevistas continuam se dizendo insatisfeitos e politizando o movimento. As infiltrações são claras e contra elas não se faz absolutamente nada. Quando ocorrem em empresas privadas não se alongam tanto porque não há economia que agüente pagar salários sem produção. Mas no âmbito do serviço público, constituem verdadeiro abuso.

               Oxalá os aeroviários atinjam seus objetivos com a paralisação de duas horas desta quarta-feira. Que as negociações se dêem sem intransigências e cheguem a bom termo. Se isso acontecer, será uma demonstração de que, também no Brasil, pode-se fazer greve simplesmente reivindicatória e de baixo impacto na economia do país e na vida das pessoas. Greve política é puro atraso e obscurantismo.
Dirceu Cardoso Gonçalves

por Dirceu Cardoso Gonçalves

Tenente – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)
+ artigos

Comentários

inserir comentário
0 comentários

AVISO: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Jornal Oeste. É vetada a inserção de comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros. O site Jornal Oeste poderá retirar, sem prévia notificação, comentários postados que não respeitem os critérios impostos neste aviso ou que estejam fora do tema da matéria comentada.

 
Sitevip Internet