Artigos / Wilson Fuá

01/02/2016 - 13:14

A primeira escola de samba de Cuiabá

             Domingo de carnaval nos anos 60/70, ali na Av. Presidente Getúlio Vargas era o reduto dos desfiles e do encontro da alegria do carnaval cuiabano, e a festa pegava fogo, pois as pessoas que nascem em Cuiabá têm em seu DNA o jeito festivo de ser. O povo cuiabano  traz em característica o inconfundível dom de ser feliz e alegre, debochado e gozador.

           O carnaval era o grande  momento de alegria, era um prazer andar pela avenida e olhar nos rostos das pessoas a felicidade, pois a sensação de alegria estava no ar  e pelos bares da Getúlio Vargas, reuniam-se a nata da boemia, bebia-se a boa bebida, comia-se bons petiscos  e conversava-se sobre assuntos diversos e riam-se aos som das escancaradas gargalhadas  e em tudo envolvia o barulho inconfundível do carnaval , e entre esses pontos de encontros, podemos  citar: o Bar do Bugre, Beto Lanche, Choppão e o Bar Internacional que eram os principais.  

             A alegria morava naquela avenida, era o prazer dos reencontros, onde as pessoas demonstravam  com as suas gargalhadas a sua felicidade, e desfile do carnaval seguia, e a noitada não tinha fim e prolongava até o inicio do outro dia,  encerando no Choppão, onde se recuperava as energias com o bom e tradicional “escaldado” e bebendo a boa bebida e fazendo com que  bate-papo não tivesse fim.

            A partir dos anos 70, o carnaval de rua de Cuiabá, tomou novos rumos e os cordões deram lugar as grandes Escolas de Samba, e entre ela temos que destacar aquela que pode se chamar como a mãe de todas,  a grande Escola de Samba – Deixa Cair.

           A Escola de Samba – Deixa Cair,  foi criada e comandada pelo trio de dirigentes cariocas: Beto , China e Wilson Diniz ,que trouxeram suas experiências e importaram  o ritmo da Bateria trazido do Rio de Janeiro, e  deu formação aos primeiros  batuqueiros cuiabanos, e a oficina do samba funcionava na quadra do Mixto,  na Rua Candido Mariano, e a partir daí, a cidade verde passa a ter os seus primeiros batuqueiros, e que tinha a sua formação da mistura entre os jogadores do Mixto e os jovens vindo de todos os bairros de Cuiabá.

             E, com a batida forte e ritmo embalado, o som dos instrumentos da bateria ecoava pela avenida, e ao longe  podia-se ouvir os novos instrumentos trazido do Rio de Janeiro: Tamborim, Repinique, Agogô, Tarau, Contra-Surdo, Reco-Reco e Treme-Terra de marcação, e a partir daí o carnaval de rua ganha uma nova roupagem.

            Com requebros sutis e balanço das cadeiras das mulheres da noite, desciam a Av. Vargas como  grande destaque, lindas passistas que “deixavam cair”, eram moças com muita beleza e pouca roupa, emprestadas para esse momento, desfalcando as ricas boates das noites cuiabanas e muitas eram buscadas das boates cariocas, era muito samba no pé e grande molejos nas cadeiras, foi a grande explosão no carnaval de rua de Cuiabá, essa escola provocava espanto por parte dos tradicionais e suspiro dos boêmios da avenida.
         
São momentos felizes do carnaval cuiabano, que virou a esquina da Vargas e despareceu por falta de continuidade, mas  que ficaram em nossas lembranças, pois a Escola de Samba – Deixa Cair, fez história no Carnaval cuiabano, e emocionou o povo festivo que nasceu no Centro da América do Sul.
Wilson Fuá

por Wilson Fuá

É Especialista em Recursos Humanos e Relações Políticas e Sociais
wilsonfua@gmail.com
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