Artigos / Dirceu Cardoso Gonçalves

06/01/2016 - 14:52

A greve que tortura o trabalhador

Arquivo

 (Crédito: Arquivo)
         Os médicos peritos do INSS estão em greve há 4 meses e, pelo menos até agora, não há a expectativa de termino do movimento. Diferente da paralisação na iniciativa privada, que pode inviabilizar a empresa ou provocar a demissão dos empregados, quando ocorre no serviço público, não afeta ao órgão empregador e nem aos grevistas. Os grandes prejudicados são os destinatários dos serviços. No caso do INSS, enquanto o instituto e seus peritos não se entendem, os segurados que sofrem acidentes, fazem cirurgias ou têm qualquer outro evento que os impeça de trabalhar, ficam sem renda porque deixam de receber do seu empregador e, por falta de pericia, não conseguem se habilitar para gozar o benefício previdenciário que lhe é devido por conta das contribuições.
 
            Trabalhadores de diferentes níveis só estão conseguindo marcar perícias para quatro a cinco meses após o agendamento e, mesmo assim, não têm a garantia de que serão atendidos na data marcada. Nesse intervalo entre o evento impeditivo ao trabalho e a efetivação da perícia, ficam totalmente sem renda. É uma verdadeira tortura pois, com a desculpa da greve de seus servidores, o órgão previdenciário, criado para amparar o trabalhador em seus momentos  difíceis, deixa de cumprir sua finalidade. Isso num país governado por um partido dito dos trabalhadores!
 
             Segundo o sindicato dos peritos, nos quatro meses da greve – a mais longa na historia do INSS – 2 milhões de perícias deixaram de ser realizadas. O instituto contabiliza 1,3 milhão de perícias prejudicadas. Independente do número, é importante lembrar que esses trabalhadores não atendidos estão tendo negado o seu direito ao benefício pelo qual pagam ao longo de toda a vida laboral. O governo, como administrador da Previdência Social tem o dever de resolver essa situação. Além disso, tem de garantir no mínimo a reposição inflacionária aos salários de seus servidores e dos trabalhadores em geral.
 
            As instituições – Ministério Público do e Justiça do Trabalho e, se for o caso, até os tribunais superiores - deveriam voltar suas atenções para esse grave problema que, muito acima das relações entre um órgão público e seus servidores, penaliza milhares de trabalhadores que, nem mesmo recebendo posteriormente os seus direitos, ainda ficarão com as marcas das dificuldades da miséria e das privações sofridas nesse período em que não encontrar o atendimento e a acolhida do órgão previdenciário.  Na esteira do problema entre INSS e peritos, é preciso buscar mecanismos que evitam ou até proíbam as greves no serviço público, onde empregador e grevistas nada sofrem, mas a população é altamente prejudicada. Assim como ocorre com os militares, ao ingressarem nas carreiras do serviço público, os servidores deveriam ser conscientes de que não terão, mais o direito de greve...
Dirceu Cardoso Gonçalves

por Dirceu Cardoso Gonçalves

Tenente – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)
+ artigos

Comentários

inserir comentário
0 comentários

AVISO: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Jornal Oeste. É vetada a inserção de comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros. O site Jornal Oeste poderá retirar, sem prévia notificação, comentários postados que não respeitem os critérios impostos neste aviso ou que estejam fora do tema da matéria comentada.

 
Sitevip Internet