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27/12/2015 - 17:10

Como é difícil envelhecer no Brasil

Wilson Fuá

 (Crédito: Wilson Fuá)
          Estudos e dados realizado pela  ONU sobre o envelhecimento populacional mundial mostram que, em 2020, o número de pessoas com mais de 65 anos será superior ao número de crianças com menos de 05 anos.
         Em relação ao Brasil, pesquisa realizada pelo  IBGE aponta que, atualmente, existem cerca de 21 milhões de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, o que representa, aproximadamente, 11% do total da população brasileira. E, em 2025, a estimativa é que o Brasil tenha aproximadamente 32 milhões de pessoas com 60 anos ou mais de idade, alcançando a sexta colocação no ranking mundial de países mais longevos. A expectativa é que, para cada grupo de 100 jovens menores de 15 anos, haverá mais de 50 adultos com 65 anos ou mais.
            O Brasil caminha para ser um país de idosos, por isso há necessidade que se desenvolva nas grades dos “cursos elementares” a obrigatoriedade de se incluir matérias  sobre a cultura educativa em relação ao envelhecimento e respeito aos velhinhos, para que sejam respeitados e possam receber o carinho e atenção de todos os membros da família, que os jovens possam entender as histórias daqueles que lhe deu o direito a vida e principalmente saber da sua origem,  saber que aquele velhinho faz parte do seu passado, e esses seres agora indefesos, depois de muitas e muitas lutas, conseguiram vários avanços e conquistas, porém, por isso não merecem receber os maus tratos e ingratidão, pois são pessoas que já deram muito por nós e pela nossa família.    
         No Brasil existem Leis e mais Leis,  para sem desrespeitadas, por que ninguém investiga, por exemplos:
   Atendimento prioritário em repartições e serviços públicos, instituições bancárias e outros serviços (Lei nº 10.048/00) essa Lei dá o direito, mas quem fiscaliza?
 
          Das penalidades para instituições financeiras – Lei 4.595 de 31/12/64;  alguém já foi punido?
 
      São crimes sujeitos à punição a negligência, o desrespeito, as agressões físicas e verbais e a apropriação dos rendimentos como pensão de pessoas idosas (Lei n° 5.478/68).
        A aplicação dessas Leis  deveriam ser menos burocratizadas, ou seja, modificar a lei para que qualquer cidadão em defesa de um velhinho vítima de maus tratos, pudesse acionar imediatamente a polícia e efetuar a prisão em fragrante daquele que desrespeita as pessoas idosas.
            Mas não é bem assim, o velhinho com a sua labirintite, com a sua hipertensão, com as suas pernas cansadas, com a sua memória fraca, ainda terá que formalizar um processo com as devidas provas testemunhais, para que os tribunais possam um dia julgar, talvez antes da sua morte, e devolver o direito que lhes foi tirado durante os últimos dias de vida.
           Estudos  desenvolvidos pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), de São Paulo, mostrou uma proporção crescente, de acordo com o aumento da idade, de indivíduos que necessitavam de auxílio para realização de atividades simples do cotidiano, como ir da cama para o sofá, vestir-se, alimentar- se ou cuidar da própria higiene. De acordo com a pesquisa, 46% dos entrevistados com idades entre 65 e 69 anos necessitavam de auxílio para realizar tarefas. Já a partir dos 80 anos, apenas 15% não necessitavam de algum auxílio, enquanto 28% apresentavam grau de incapacidade total que requerer os cuidados pessoais em tempo integral.
          Não existe uma Lei mais Inconstitucional do que aquela que faculta aos Planos de Saúde explorar os idosos, (todos são iguais perante a Lei, será?), pois a cada aniversário, o velhinho recebe um Presente de Grego, parabéns você mudou de faixa, mais um aumento progressivo e agressivo na sua mensalidade. É como se disse ao idoso: “neste país é proibido envelhecer, como você é teimoso, por isso, aguente com a sua mensalidade escorchante, pois só a morte o livrará desse sacrifício”.
         Mas, existe também uma faixa mínima da população de idosos, que dispõe de altas rendas financeiras, advindas da boa aposentaria ou investimentos feitos no passado, e por isso, estão preparados para enfrentar os custos econômicos, como: gastos com planos de saúde, remédios, cuidadores e tratamentos específicos. E, essa pequena faixa da terceira idade, tem um envelhecimento sadio e agradável: vão ao teatro, viajam  e fazem turismo pelo país, ( fora das grandes temporadas e dos feriados), sabem apreciar os sabores ao jantar fora e ao tomar bom vinho regularmente, procuram movimentar-se  através da dança, viagem mental através da leitura de bom livros e sabem utilizar o iPED/iPHONE  interagindo através da internet, participam de cursos de música e línguas,  enfim eles investiram para enfrentar a velhice e não ficaram esperando por caridade e compaixão da família no seu fim de vida, fica registrado que 90%  da população de idoso no Brasil,  sofre suramente com o abando e pela falta de atenção e carinho da família, por isso, digo: é difícil envelhecer no Brasil.      
Wilson Fuá

por Wilson Fuá

É Especialista em Recursos Humanos e Relações Políticas e Sociais
wilsonfua@gmail.com
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