Artigos / Odair José

24/10/2014 - 07:54

​Conhece-te a ti mesmo – Uma abordagem em Matrix

No primeiro filme da série Matrix, Neo, o personagem principal do filme vai até o Oráculo para ouvir uma mensagem. A mulher pergunta a ele se ele leu a frase na entrada da porta e explica-lhe que aquela frase é de uma língua há muito desaparecida, o latim. A frase não é nada mais nada menos do que a celebre frase escrita sobre o portal de entrada do santuário do deus Apolo: “conhece-te a ti mesmo”. De acordo com a História, certa vez Sócrates foi até o Oráculo de Delfos e esta lhe perguntou: “O que você sabe?” Ao que ele respondeu: “Só sei que nada sei”. A partir dessa resposta o Oráculo concluiu que Sócrates era o mais sábio de todos os homens.
 
Essa pequena abordagem é importante para entendermos o contexto do filme e minha abordagem nesse artigo. No entanto, é necessário apresentarmos outros dois personagens do filme. Neo, o personagem principal, significa “novo” ou “renovado” e, quando dito de alguém, significa “jovem na força e no ardor da juventude”. Já Morfeu, o personagem que conduz Neo ao Oráculo, pertence à mitologia grega: era o nome de um espírito, filho do Sono e da Noite, que possuía asas e era capaz, num único instante, de voar em absoluto silêncio para as extremidades do mundo.
 
Matrix é uma palavra latina derivada de mater, que quer dizer “mãe”. Em latim, matrix é o órgão das fêmeas dos mamíferos onde o embrião e o feto se desenvolvem, o útero. Pois bem, no filme, Matrix representa um útero universal onde estão todos os seres humanos cuja vida real é “uterina”. Morfeu mostra para Neo a realidade, isto é, que ele passou a vida inteira sem saber se estava desperto ou se dormia e sonhava porque, realmente, esteve sempre dormindo e sonhando.
 
Destaco estas inferências sobre este filme para abordar algumas questões que, no meu entendimento, são cruciais para compreendermos a sociedade pós-moderna na qual estamos inseridos. Não se pode negar o controle das inteligências artificiais na sociedade. Há uma realidade virtual na qual todos acreditam. Um controle dos números e organizações sobre o indivíduo. Uma teia invisível que controla nossas ações. Quem pode dizer o contrário?
 
A Matrix é o computador gigantesco que escraviza os homens, usando a mente deles para controlar seus sentimentos e pensamentos, fazendo-os crer que é real o que é aparente. Ou seja, vivemos uma total ilusão da vida. Enquanto muitos acham que sabem tudo, que descobriu muita coisa, as palavras do Oráculo ecoam na nossa mente: Conhece-te a ti mesmo.
 
Salomão, considerado o homem mais sábio que já existiu, alegou desilusões com os acontecimentos da vida. De acordo com ele, tudo que se faz debaixo do sol é vaidade. Depois de muitas buscas o fim da vida é ilusão, isto é, tudo são enfado e canseira. No entanto, é interessante notarmos que Salomão afirma isso para as pessoas que procuram a felicidade ou conhecimento humano sem buscar e conhecer a Deus. Ele descobriu que a despeito de seus esforços, a vida sem Deus é uma longa e frustrada busca por prazer, significado e realização. Não é possível alcançarmos a felicidade sem Deus. Daí a necessidade de pensarmos nas palavras de Sócrates: Só sei que nada sei. A partir dessa premissa, sabemos que toda e qualquer sabedoria vem de Deus. Ele é quem nos dá a capacidade para entendermos que as conquistas deste mundo são efêmeras e que, o mais importante é seguirmos seus mandamentos.
 
A humanidade encontra-se presa em uma teia gigantesca. O avanço científico e tecnológico não é capaz de solucionar as principais mazelas da humanidade. Cresce em todo mundo a insegurança, a violência, as epidemias, as desigualdades, enfim, tudo que o homem, no seu esforço não consegue solucionar. Isso demonstra que, qualquer sucesso sem Deus é fracasso. O homem pós-moderno tira Deus do seu caminho e acha que pode solucionar suas necessidades. Por isso esse caos cotidiano.
 
Precisamos pensar. Indagar o porquê das coisas estarem caminhando nesse sentido. Estamos conformados de estarmos ligados na rede, na Matrix? Ou queremos libertar-nos dessa gigantesca rede abominável? Sócrates questionava seus opositores. Precisamos questionar esse modelo de vida ao qual estamos inseridos. Não podemos permitir que o Sono e a Noite seja donos da nossa vida. Sigamos o conselho de Salomão: “De tudo o que se tem ouvido, o fim é: teme a Deus e guarda os seus mandamentos, porque este é o dever de todo homem”. Eclesiastes 12.13.
Odair José

por Odair José

Poeta e Escritor Cacerense, professor de História, especialista em Gestão Ambiental e Técnico Administrativo daUnemat.
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