Artigos / Dirceu Cardoso Gonçalves

23/11/2015 - 14:12

A Argentina como modelo

            A América do Sul e o mundo assistem, na Argentina, uma transição – pelo menos até agora – do tipo desejado. A população teve a oportunidade de votar livremente, à sombra de um debate político-eleitoral, e escolheu aquele que promete mudar a política que tem mergulhado o país em sucessivas crises econômicas. Terminado o embate, o candidato da situação reconheceu a derrota e desejou sorte ao vencedor, que tenta transmitir esperança ao povo. É evidente que só a prática do dia-a-dia vai determinar se o eleitor acertou ou, mais, uma vez, errou.

            Há muito tempo, a Argentina foi a matriz dos acontecimentos políticos do continente. Sua extensão territorial menor que a do Brasil, povo mais politizado e com menor diversidade de interesses regionais também levam a soluções mais rápidas do que as nossas. Observadores e historiadores da política continental dizem que o 1964 do Brasil foi, entre outras coisas, inspirado no 1955 da Argentina – quando os militares depuseram o presidente Juan Domingo Perón – e que as ditaduras dos dois países também tiveram suas semelhanças e até ações conjuntas. Da mesma forma deu-se a redemocratização e hoje vive-se o drama econômico.

            A Argentina parece ter encontrado um caminho seguro para as mudanças que necessita. Espera-se que o Brasil, para não perder o viés histórico, enverede pelo mesmo caminho e consiga alcançar o desenvolvimento e o bem-estar da população. Que a solução ao problema brasileiro não fique restrita ao afastar da presidente ou de outros ocupantes de cargos eletivos. De nada adiantará esse trauma se os que forem assumir as posições estiverem comprometidos com o mesmo tipo de situação.

            O ponto positivo é que, através do mensalão, petrolão, trenzão e outras anomalias administrativas hoje transformadas em processos e penas, a sociedade, pelos seus órgãos judiciais, está conseguindo depurar as relações entre governos, políticos, empresários e atravessadores. Mas, além disso, é preciso resolver problemas cruciais como a constituição dos governos (hoje frutos de promiscuidade política e administrativa) e o financiamento das campanhas eleitorais. Há que se encontrar um meio em que o povo volte a acreditar nos políticos e tenha motivos reais para neles votar.

            Torçamos para que o processo argentino dê certo e sirva de modelo para os demais países da região que, como o Brasil, enfrentam a degringola do processo político e até o descontrole da economia motivado por políticas temerárias e desastrosas. Chega de governos de experimentação demagógica!
Dirceu Cardoso Gonçalves

por Dirceu Cardoso Gonçalves

Tenente – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)
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