Artigos / Airton Reis

12/11/2015 - 17:17

Remendos republicanos

     Brasil Pátria. Brasil País. Brasil Nação: 126 anos de uma Proclamação. Acomodação democrática. Inquietação popular. Governo militar. Governo civil. Representação política deveras inerente aos verbos fiscalizar e legislar. Sociedade esfacelada de lar em lar. Violência seqüenciada pelo verbo assassinar. Educação falseada. Saúde sucateada. Economia inflacionada. Corrupção continuada. Palácio do Planalto e da Alvorada. Congresso Nacional da falcatrua instalada. Orçamento federal em conta adulterada. Pedalada fiscal em manchete de jornal publicada.

      Infância maculada. Infantes infratores. Horrores de uma cidadania ignorada. Penhores de uma sociedade desorganizada. Senhoras e senhores. Doutores e leigos. Analfabetos funcionais. Fundos assistenciais falidos. Poderes distanciados. Deveres omitidos. Direitos sucumbidos. Obrigações preteridas. Dívidas e dividendos. República federativa dos remendos. Tesoura sem corte. Agulha sem linha. Casa sem botão. Barragem rompida. Bala perdida. Falácia de eleição em eleição.

      Desenvolvimento deveras erguido em pilares sustentados. Parlamento ocioso. Tempo de prevaricação. Improbidade reincidente. Delatores e delatados. Cofres públicos arrombados. Descontentes e acomodados. Falantes e calados. Postulantes e postulados. Distrito Federal, Municípios e Estados federados. Esquecidos e endividados. Excluídos e relegados. Meio ambiente pela metade da metade. Calamidade em nada natural. Clareira continuada em derrocada mais do que florestal.

      Soberania e cidadania além de um fundamento constitucional. Dignidade da pessoa humana em todo território nacional. Valores sociais do trabalho e da livre iniciativa em tempo real. Pluralismo político envolto em mais de um vendaval. Dos princípios republicanos e democráticos, por sua vez, extrai-se o relevante parágrafo único do artigo 1º da Constituição Federal, que dispõe:

Parágrafo único. “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”. O legítimo detentor do poder, que é uno, é o povo. O exercício desse poder pode ser feito mediante a eleição de representantes, através de voto direto, secreto e universal; mas também diretamente, por meio de instrumentos como o plebiscito, o referendo, a iniciativa popular e a ação popular.  

      Art. 3º CF: “Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; II - garantir o desenvolvimento nacional; III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”. Liberdade mesmo que tardia. Justiça e desenvolvimento nacional por garantia. Solidariedade inclusa na ordem do dia.

      O povo brasileiro cada vez mais taxado. O governo do Brasil além de um plano político e partidário incoerente e dissimulado. O meio ambiente degradado. O transporte sucateado. O meio social esfacelado. O meio político corrompido. O real desvalorizado. O público confundido com o privado. Café pingado. Leite derramado. Bocas famintas. Mordomias deveras extintas. Trabalhador indevidamente remunerado. Sujeito simples. Sujeito composto. Sujeito em nada oculto. Sujeito relegado.

     O Congresso Nacional desmoralizado. O turismo sem alta temporada. A cultura de porta fechada. A agropecuária reduzida. A exportação comprometida. A ciência e a tecnologia preterida. A energia superfaturada. A indústria paralisada. A miséria remediada. A pobreza reeditada. A violência corriqueira. A reincidência da bandalheira. A fronteira internacional escancarada. A riqueza dilapidada. A União arrombada. A boca do leão cada vez mais esfomeada. A República Federativa do Brasil mais do que remendada.

      Mesmo assim, e, todavia, a emergencial governança almejada, mesmo que lentamente, acontecerá sem qualquer carta marcada. Por hora, muito mais do que uma Proclamação anualmente comemorada. Por hora, muito mais do que uma Pátria amada e idolatrada num mesmo Pavilhão Nacional. Viva o Brasil mais do que institucional! Vivas à nossa Constituição Federal!
Airton Reis

por Airton Reis

É poeta em Mato Grosso
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