Artigos / Dirceu Cardoso Gonçalves

06/11/2015 - 13:37

A política e a greve dos caminhoneiros

          A greve dos caminhoneiros, anunciada para a segunda-feira, dia 9, é o novo complicador da vida nacional. A classe já deu mostras de sua força e nesse momento se diz disposta a parar o país em busca de suas reivindicações e pelo “impeachment” da presidente da República. Lutar pela melhora das condições de trabalho é legitimo. Mas fundir a reivindicação profissional com a militância política, independente de ser contra ou a favor ao governo, é o que nos parece impróprio. Embora uma coisa possa até depender da outra, tratam-se de bandeiras diferentes que dificilmente se fundem para acordos ou soluções dos problemas apontados.
         
Em decorrência da estrutura de transporte rodoviarista – onde a maioria das cargas de curta, média e longa distância é transportada por caminhão – a paralisação dos caminhoneiros traz a falta de produtos como conseqüência quase imediata. Logo começam a faltar combustíveis nos postos de abastecimento e mercadorias nas prateleiras dos supermercados. Como as estradas deverão sofrer bloqueios, outros trabalhadores não poderão cumprir suas tarefas e até o cidadão terá dificuldade para se locomover. Uma greve dessa ordem, mesmo com o caos que instala , não é o suficiente para derrubar o governo.

          Antes de qualquer greve, todos os interlocutores têm o dever de negociar à exaustão com o objetivo de evitar a paralisação. Nesse momento crítico em que vive o país, o governo não pode se limitar a acusar o movimento dos caminhoneiros como político e nada fazer para evitá-lo. E os líderes dos caminhoneiros têm de tomar cuidado para não levar a categoria ao impasse. Todos devem, se ainda houver tempo, discutir de espírito desarmado e buscar o acordo quanto às postulações.

          Não pode o governo simplesmente acusar o caráter político do movimento e os caminhoneiros colocarem o afastamento da presidente entre suas reivindicações profissionais ou empresariais. São bandeiras que podem ser agitadas, mas não no mesmo momento. Em vez de solução, essa mistura explosiva pode trazer muito problema para a sociedade. O momento exige reflexão...
Dirceu Cardoso Gonçalves

por Dirceu Cardoso Gonçalves

Tenente – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)
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