Artigos / Dirceu Cardoso Gonçalves

03/11/2015 - 08:35

O resgate do farmacêutico

               Durante muitos anos, a população se serviu do farmacêutico de confiança para a solução dos pequenos – e até grandes – problemas de saúde. Aqueles profissionais, em seus estabelecimentos, com os conhecimentos práticos e a fé da clientela fiel, faziam maravilhas. Muitos ainda são lembrados pela fama que fizeram e por aqueles que ajudaram a diminuir o sofrimento. As monumentais mudanças nas últimas décadas, tiraram aquela importância do farmacêutico. Muitos deles tiveram confronto com a poderosa classe médica e outros, por conta da nova estrutura no comércio de medicamentos, tornaram-se meros burocratas a assinar a responsabilidade por drogarias operadas por balconistas práticos.

               Nas as grandes estruturas de Saúde – hospitais especializados, principalmente – o farmacêutico ainda conserva a sua importância. O médico atende ao paciente, emite a receita com os princípios ativos e cabe ao farmacêutico clínico “receitar” os medicamentos que mais se coadunem com a receita do médico. Um processo onde o médico, por seus meios, identifica o mal e requisita o serviço do farmacêutico para, também, com sua habilidade e conhecimento, administrar a droga mais indicada. Não esqueçamos que o farmacêutico de hoje é um profissional de nível universitário.

               Nos países mais desenvolvidos nessa área, o farmacêutico continua com aquela importância que o outrora empírico profissional brasileiro teve. Apoiado por sistemas informatizados, ele é capaz de “receitar” determinados medicamentos a partir da informação dos sintomas daqueles que os procuram. E, da mesma forma que faziam os nossos profissionais do passado, encaminham ao médico quando percebem ser o problema grave e carente de cuidados especiais.

               No dia em que o Brasil, com os recursos tecnológicos de hoje, for capaz de resgatar o farmacêutico clínico, estará dando um grande passo para a solução do colapso da Saúde. Com seu conhecimento das mercadorias e seus efeitos em confronto com o quadro básico dos sintomas, o farmacêutico poderá – como faziam os seus antecessores de décadas atrás – socorrer sua clientela no nascedouro dos problemas, evitando que a população continue se acotovelando em pronto-socorros lotados e submetida a esperas que muitas vezes agravam seu estado de saúde. O Brasil jamais conseguirá ter médicos em número suficiente para suprir e demanda básica da população. O farmacêutico poderá, como nas sociedades mais avançadas, ser aquele orientador e, de forma legal e organizada, evitar que considerável parcela do povo continue passando mal ao ingressar nos serviços de saúde sem a capacidade física para atender tantos ao mesmo tempo. Melhor aproveitar os conhecimentos profissionais do farmacêutico e até ampliá-los, se for o caso, do que continuar convivendo com a automedicação e a omissão de socorro. Nos países onde já ocorre, o aproveitamento científico dos farmacêuticos clínicos vem propiciando a diminuição do número de hospitais. Nada mal que isso também aconteça no Brasil...
Dirceu Cardoso Gonçalves

por Dirceu Cardoso Gonçalves

Tenente – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)
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