Artigos / Airton Reis

31/08/2015 - 14:47

Paulada política, sarabanda social

    Quem bate? Quem leva? Quem agita? Quem come? Quem regurgita? Quem lava? Quem levita? Quem o cravo despetalado? Quem a rosa ferida? Quem a margarida sem primavera? Quem o Estado? Quem a União? Quem a pátria dita educadora? Quem o cidadão? Quem o povo? Quem o povão? Quem bate a panela? Quem a pátria verde e amarela? Quem o protagonista da Babilônia sem Babel? Quem o figurante do conto sem cordel? Quem a elite? O lápis é de grafite? O país é de papel? Maçarico ou maço? Massa falida ou cinzel?

    O voto é chancela? O eleitorado é chancelaria? O eleito é demagogia? A política é militância da democracia invalidada? A sociedade civil é organizada? Aonde a Ordem impressa em Pavilhão? Quando o Progresso nas migalhas do mesmo pão? Espetaculosos ou interlocutores da Nação? Roedores no porão ou ratos no Congresso Nacional? Quem delata? Quem investiga? Quem o joio? Quem o trigo? Quando o madrigal? Moinho de vento? Balburdia no Parlamento? Inadimplência regimental? Compasso quebrado? Aonde a esquadria presidencial? Petróleo vazado? Pires na mão? Crise hídrica ou total sequidão?

    Nem toda licitude é moral. Nem toda ventania é temporal. Nem toda palavra é poesia. Nem todo saque é pirataria. Nem todo número é equação. Nem toda fome finda em inação. Nem todo nome tem alcunha ou apelido. Nem todo crime é punido pela medida da justiça e da perfeição consciente. Nem todo político é réu reincidente. Todavia e não obstante toda a sociedade é refém em mais de um crime mais do que aparente. Toda criança nasce sem dente. Toda infância é mais do que uma esperança compartilhada em doação. Em toda a imprensa a mesma pauta exaurida em solução. Em toda a política a mesma encenação. Em toda a sociedade a mesma ausente representação.

    Roupas sujas acumuladas. Raposas em temporadas. Caça e caçador. Vida pública infestada de delatado e de delator. Devagar com o andor. Diz o ditado popular. O santo é de barro pode quebrar. Citação repetida de lar em lar. Mãos na massa. É tempo de mudar. O espaço é mais do que uma cidade para edificar. O caminho é mais de uma estrada para conservar. Antes do porto seguro a travessia em alto mar. Mar outrora no sertão continental. Mar de lama. Mar do mesmo litoral. Mar de rosas sem Cartola e sem Jamelão. Mar salgado da nefasta corrupção.

    Tem corda a viola? Toca! Nós queremos ouvir. Tem couro o tamborim? Repica! Nós queremos dançar. Nas mãos de quem a lâmpada de Aladim? Responda! Nós queremos esfregar. Balburdia de quereres sem fim. Felizes os poetas que vivem pela poesia e não se refugiam em torres de marfim. Por ora, e, como bons cabritos, apenas o capim colonião por pasto. Outras vezes, mesmo com a alcunha de perdedor nato, também temos sede, e, igualmente procuramos a fonte límpida em mais de um literal regato...

    A cobra morreu? Quem matou? Mostra o pau! A vaca tossiu? Quem resfriou? Fecha a porteira institucional. Ordenhas nem sempre são realizadas no curral. De manchete em manchete de jornal: Quem leu? Quem escreveu? Quem publicou? Quem opinou? Quem opinará? Quem opina? Quem recebeu a última propina? Loto, sena ou quina? A tempestade foi anunciada em mais de uma cidade, além de uma capital. A sorte está lançada em vendaval. Dinheiro? Dólar? Inflação real? Mão, luva, dedo ou dedal? Trovoadas jurídicas. Para raio Constitucional. Palácio da Alvorada ou Congresso Nacional? Paulada política, sarabanda social. Ponto final.
“De tanto levar frechada do teu olhar meu peito até parece sabe o que? Táubua de tiro ao alvaro não tem mais onde furar, não tem mais. Teu olhar mata mais que bala de carabina, que veneno estricnina, que peixeira de baiano. Teu olhar mata mais que atropelamento de automóver, mata mais que bala de revórver. (ADONIRAN BARBOSA/OSWALDO MOLLE).
Airton Reis

por Airton Reis

É poeta em Mato Grosso
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