Artigos / Dirceu Cardoso Gonçalves

15/08/2015 - 09:21

Evitar a “arma na mão”, um dever

            Os arroubos do presidente da CUT, Vagner Freitas, e de outros que conclamaram os movimentos sociais a irem às ruas “de arma na mão” para defender o mandato da presidente Dilma Rousseff, é um perigoso precedente, principalmente quando a afirmação ocorre dentro da sede do governo. Por mais comprometido que possa estar com a manutenção da governante, o sindicalista e o líder de movimentos não poderiam incitar a violência e o confronto entre os brasileiros e nem afrontar explicitamente o Estatuto do Desarmamento e os esforços que a sociedade e notadamente os órgãos de segurança têm empreendido para desarmar a população.

            É lamentável que o governo, nesse momento crítico, onde deveria buscar a conciliação nacional e demonstrar boa vontade para corrigir os erros e continuar governando, recolha dentro de sua própria sede os radicais e permita que estes ameacem a ordem pública, propondo métodos não convencionais para defesa da governante. É sabido que sem a pacificação política e um pacto com a sociedade, governo algum consegue manter o país nos trilhos. E essa pacificação ou pacto não se consegue pela força, mas pela negociação e tolerância de todas as partes.

            A vida nacional está carregada de momentos-limite como o que hoje parece estar chegando. Nos tempos iniciais da República, sucessivos golpes palacianos mudaram o curso das coisas. Em 1930 houve a revolução em que GetúlioVargas assumiu o poder. Depois de sua deposição, nos anos 50, algumas acomodações ocorreram, houve a tentativa frustrada de impedir a posse de Juscelino. Depois tivemos a renúncia de Jânio e a queda de João Goulart, tudo sem confrontos envolvendo a população. Na ditadura houve a luta armada, que os militares aniquilaram. E, desde a redemocratização, consolidada em 1985, o problema mais grave foi o impeachment de Fernando Collor, em 1992, tudo sem o confronto bélico do povo.

            Independente da posição em que estejam, as lideranças desse país têm o dever de trabalhar pela paz. Não interessa a ninguém incendiar a população seja para defender ou afastar um governo. O máximo que se pode pedir ao povo é sua manifestação pacífica contra ou a favor. Jamais o seu sangue e sua vida. Está na hora de dizer não aos radicais e permitir que a sociedade e o governo resolvam seus problemas com o uso exclusivo dos instrumentos da democracia.
Dirceu Cardoso Gonçalves

por Dirceu Cardoso Gonçalves

Tenente – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)
+ artigos

Comentários

inserir comentário
0 comentários

AVISO: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Jornal Oeste. É vetada a inserção de comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros. O site Jornal Oeste poderá retirar, sem prévia notificação, comentários postados que não respeitem os critérios impostos neste aviso ou que estejam fora do tema da matéria comentada.

 
Sitevip Internet