Artigos / Alfredo Menezes

28/07/2015 - 10:56

Indústria em MT

Os números apresentados pelo Porto Seco mostram de forma doída que não entrou nenhum pedido de máquina para nenhuma fábrica no Estado nos últimos quatro anos.

Como é que o Estado campeão de grãos não atraiu indústrias de fertilizantes? 

Como é que um Estado que produz 54% do algodão do país não tem muitas fábricas de tecidos? O Ceará praticamente não planta algodão e tem centenas delas. 

As dificuldades para atrair novas indústrias para MT já foram detectadas. Uma é o cipoal jurídico criado no Estado, falam em milhares de portarias, resoluções e normas.

Os empresários alegam que são tratados como futuros criminosos ou sonegadores. 

Culpa-se ainda o mercado pequeno, energia cara, falta de mão de obra e a infraestrutura de transporte deficitária. Por tudo isso é que fábricas daqui estariam indo para o Paraguai. 
 
Mato Grosso não pode ser eterno exportador de matéria-prima. Uma gripe na China dá uma pneumonia aqui. 

Se a Bolsa de Valores daquele país trepida eleva a temperatura de preocupação no Estado.

Mostra a história que um país ou lugar não podem depender exclusivamente de bens primários em sua pauta de comércio. 

No passado, o Brasil foi campeão de produção de açúcar, depois café, na época da guerra entrou a borracha. 

Quando havia uma crise nos mercados compradores, a coisa ficava feia aqui. 

A Depressão econômica nos EUA na década de 1930 provocou um rebuliço econômico e político no Brasil.

No caso de MT, se realmente forem concretizadas algumas medidas e ações que se falam, poderia haver mudança neste quadro.

Comenta-se, por exemplo, que estaria pronto um estudo para enxugar as tantas normas e portarias que infernizam a vida de quem quer investir em indústria no Estado. 

Fala-se ainda que estaria pronto um novo modelo de incentivo fiscal e a ênfase seria dada à cadeia de produção e não aleatoriamente. 

Exemplo? Algodão, fibras, tecidos, roupas e óleo do caroço. 

O governo federal quer unificar o ICMS e acabar com a guerra fiscal. Não se daria mais incentivos fiscais através do ICMS. 

O governo estadual diz que tem um modelo sendo gestado em que o Estado, ao invés do incentivo direto do ICMS, entraria como sócio com quem investisse numa indústria. 

Não está claro como funcionaria esse modelo, se sabe que seria feito através do MT-Participações. 

E, por fim, tem a perspectiva do Parque Tecnológico em Várzea Grande e da ZPE em Cáceres. Nesta o ICMS da energia, telecomunicação e transportes seria quase zerado. 

Poderia importar máquinas e matéria prima sem taxações. Pagaria apenas 25% de Imposto de Renda e se tem a obrigação de exportar 60% do que se produzir na ZPE. Motivos para levar indústrias para Cáceres. 

Mesmo com a crise econômica criada pelo governo federal, com ZPE, novo modelo de incentivo fiscal e uma maior facilitação jurídica para investir,quem sabe MT poderia receber mais indústrias. 
Alfredo Menezes

por Alfredo Menezes

 é historiador e articulista político em Cuiabá. e-mail: pox@terra.com.br
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