Artigos / Dirceu Cardoso Gonçalves

24/07/2015 - 14:48

Tenta-se, agora, montar a “pizza Brasil”

            O ex-presidente Lula teria buscado um encontro com o antecessor, FHC, para tentar aliviar a ação dos tucanos pelo impeachment da presidente DilmaRousseff. O Palácio do Planalto considera normais essas gestões. De outro lado, o governo se defende das “pedaladas fiscais” e acusa seus antecessores e 17 estados de terem se utilizado do mesmo expediente para fechar suas contas nos anos anteriores. Teme-se que a transferência ao Supremo Tribunal Federal dos casos da Operação Lava-Jato que envolvem parlamentares leve risco de enfraquecimento ao núcleo paranaense que desvenda os crimes contra a Petrobras. De outro lado, a economia vai mal e as medidas adotadas pelo governo, em vez de melhorar, agravam a crise.

            Temos, no Brasil, um quadro efetivamente preocupante. Além da crise econômica decorrente da política de consumismo desenvolvida durante os últimos anos, vemos o prestígio do governo e da governante em queda livre e o prosperar das propostas de impeachment, hoje agravado pelo rompimento do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, justamente aquele que tem a prerrogativa de montar a pauta dos assuntos a serem discutidos pelos parlamentares. A crise política é tão grande que, além do Executivo, também são ameaçados de degola por terem supostamente recebido propinas eleitorais e cometidos outras irregularidades, os presidentes da Câmara e do Senado, mais  quatro dezenas de outros parlamentares e pelo menos dois governadores.

            Com a crise política, moral e econômica instalada, o Brasil passa a integrar negativamente as manchetes internacionais. O editorial do jornal inglês Financial Times, intitulado “Recessão e politicagem: a crescente podridão no Brasil” diz que os recentes fatos levam o Brasil a ser comparado com um “filme de terror sem fim” e que, diante do risco de impeachment da presidente, tempos piores ainda podem estar por vir.

            Diante de todo o quadro de mau humor e imagem negativa criado em torno do Brasil, interna e externamente, e do envolvimento de figuras que deveriam estar acima na linha de suspeição, é que a cada dia que passa a Justiça se torna mais fortemente o nosso último bastião. É preciso dela obtermos pronunciamentos decisivos e à sombra da legalidade para evitar que o caos termine de se instalar e leve o país ao colapso. Há que se analisar os problemas, identificar e punir os responsáveis, sem o “acórdão” que os envolvidos tentam estabelecer, o que faria tudo acabar em pizza. O encontro de ex-presidente, se fosse algo habitual, contribuiria para a solução das crises, mas no quadro atual, pouco ou nada representaria...
Dirceu Cardoso Gonçalves

por Dirceu Cardoso Gonçalves

Tenente – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)
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