Artigos / Airton Reis

06/07/2015 - 08:42

Tecido Político, órgão social (1)

      Brasil, uma manchete de jornal. Brasil, muito mais do que as páginas de um boletim de ocorrência policial. Brasil, um país constitucional em continuado remendo federativo. Brasil, um país indicativo da liberdade que ainda está em gestação. Brasil, uma célula democrática em continuada divisão. Brasil, um tecido político infiltrado pela corrupção. Brasil, um órgão social evidenciado pela exclusão.

      Falta pão? Ausentes estão o ensino e a educação? Pátria educadora ou pátria desfalcada além de uma seleção? Saúde ou segurança pública sem a devida representação? Meio ambiente conservado ou em continuada exploração desenfreada? Pátria amada ou pátria dos amantes? Governados, legisladores ou governantes? Meliantes ou melindro em sumos desconcertantes? Espumas mais do que flutuantes. Falsários e farsantes.

      Um tecido político desgastado pelo tempo. Um órgão social e vital aquém de qualquer parlamento. Um lamento ecoado além de um imenso litoral. Um marco consolidado aquém do Distrito Federal. Um Planalto Central. Um povo brasileiro imerso num mesmo vendaval. Trovoadas em raios nem sempre certeiros. Palcos desfigurados em picadeiros. Névoas e nevoeiros. Brasileiras e brasileiros. Obras, sobras, desvios sorrateiros. E os obreiros?

      Uma consulta mais do que popular. Uma casa para morar. Uma família para sustentar. Uma infância assegurada em mais de um lar. Um sistema prisional falido em dignidade humana. Uma pátria desfigurada do ideal republicano. Economia em continuada inflação. Ordem em restrição. Progresso parcial de uma Nação. Liberdade nem sempre de expressão. Igualdade maculada de eleição em eleição. Protagonistas e figurantes emaranhados em realidade sem qualquer ficção. Capítulos reapresentados em mais de um canal de televisão. Favelas e favelados beneficiários de uma remota pacificação.

      Moralização orquestrada em território nacional. Transformação prometida em palanque mais do que eleitoral. O pão foi trigo em grão. O pão será sempre pão. A fome tem nome e tem solução. Um corpo em queda livre sujeito a mesma lei de gravidade. Uma sociedade desfalcada de probidade. Uma calamidade reticente e degradante. Um público mais do que pagante. Quem é o farsante? Quando o brado em eco retumbante? Até quando um país de faz de conta? Alice das Maravilhas ou Alice no séquito real da carta marcada? Coelhos nas cartolas ou lebres abatidas por nada?

      Pátria Amada sim senhor e sim senhora. Quem nela fica e luta sem demora? Quem se exila ou quem já foi exilado em outro tempo, em outra hora? Papel passado ou papel rasgado das páginas de uma mesma história? De quem a glória cantada em prosa sem qualquer verso publicado? A quem chorar pelo leite derramado? Verde esperança? Amarelo bonança? Azul globalizado? Branco maculado? Estrelas cadentes ou mais de um Estado federado?    

      Hino executado. Bandeira hasteada em Pavilhão. Selo e Brasão. Pátria livre de toda e qualquer degradação. Tecido político deveras regenerado e em urgente medicação. Tem “melhoral” infantil? Quem a pátria mãe gentil? Órgão social colegiado ou órgão social infestado e acamado em febre ardil? Responda você contribuinte mais do que tachado. Respondemos nós de verso em verso publicado. Brasil: Corpo e alma de um povo deveras representado. Nem toda enfermidade tem a cura imediata. Nem toda sociedade vive e sobrevive de bravata. Cascata em nada natural. Corredeira em vazante constitucional. Cachoeira em energia natural. O bom é bem. E o mal? Conto em ponto sem final...
Airton Reis

por Airton Reis

É poeta em Mato Grosso
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