Artigos / Wilson Fuá

30/05/2015 - 18:25

O primeiro Habeas Corpus em Mato Grosso

                Nos tempos  idos de aproximadamente dois séculos, numa localidade bem próxima à Cuiabá, havia um senhor de Engenho de Cana de Açúcar, (Sr. Guimarães) que fazia  a vez do poder judiciário na época:  ouvia as partes, julgava, absolvia  ou condenava  os réus, de forma própria  e inusitada. Os ritos do processo  de condenação ou absolvição eram decididos no Tribunal do Júri, na sala da Casa Grande, onde era composto por uma  só pessoa, ele, o próprio dono do Engenho. A sentença quase  sempre  era sumária e a pena  na época geralmente  era  a máxima para os acusados de cometimento  de crime de roubo e/ou furto  contra o patrimônio  de terceiros: A MORTE.

               E num desses julgamentos, o empregado “Dito Tá Entendendo” sabendo que seria condenado, pediu ao Patrão que lhe proporcionasse Clemência após ouvi-lo. O réu, pessoa de extrema esperteza, propôs ao patrão, que ele trocaria a sua liberdade, pelo ensinamento  de uma técnica que ele mesmo  havia desenvolvido e que constituía em fazer um Caititu voar.  E que caso fossem perdoados os seus erros,  faria a demonstração dessa proeza.  O patrão sabendo que era impossível, o cumprimento da referida façanha, disse ao referido proponente:

- Pois bem, faça o caititu voar que eu não lhe aplicarei a pena;
Como o condenado “Dito Tá Entendendo” era muito esperto e “digoreste”, disse ao Patrão:  -  O  senhor terá que me conceder a liberdade, para que eu possa treinar o Caititu e dentro de aproximadamente  um ano farei  a demonstração do resultado.

O Patrão, um tanto quanto indeciso quanto a  proposta  deste , resolveu  conceder a  liberdade provisória ao requerente dentro do prazo solicitado .
( Historicamente dois séculos atrás foi concedido o primeiro Habeas Corpus em Mato Grosso).

Os amigos surpresos com a sua liberdade provisória lhes disseram: 
- Você é louco" Dito," o Caititu nunca voará  , o patrão vai ficar com muita raiva e com certeza lhe matará,tão  logo perceba a armação. 

O "Dito Tá Entendendo", como enxergava muito longe, explicou aos amigos que com essa liberdade provisória ele obteria as seguintes vantagens:
1 – Prorrogaria o seu prazo de vida por mais um ano, haja vista, que a pena de morte já estava sentenciada;
2 – Teria liberdade por no mínimo  mais  um ano, e nesse período   enganaria mais pessoas;
3 - No gozo da prerrogativa de estar livre, poderia  desenvolver a faculdade de contatar  com forças  ocultas  que pudessem promover a descaracterização  da   tipificação  do crime praticado;
4 – E, o melhor de tudo isso, é que  ainda poderia tentar prorrogar por anos sucessivos a proposta inicial, até que o Patrão caducasse ou morresse esperando o Caititu voar.

      Da mesma forma, são os políticos, agem e acreditam nas suas malandragens como meio para o alcance de  um determinado  fim .  O poder  advindo da Acumulação  de Recursos desviados dos cofres públicos, lhes proporcionam  segurança   para contratação  de grandes bancas especializadas de advogados, onde longos e cansativos trabalhos do MPF e da Polícia Federal perdem sua eficácia  num piscar de olhos ,quando o instituto  do habeas corpus , lhes asseguram  o direito  à  liberdade  e estes voltam a operar no submundo do crime do colarinho branco.  

         A maioria dos políticos  desconhecem  que ao serem eleitos para representar o povo,fazem um pacto espiritual de grande importância  e responsabilidade em relação às regras universais . São princípios contidos em leis imutáveis que impõe a todos àqueles que tiram  proveito daquilo que é  coletivo e que provocam danos irreparáveis  a vida comunitária, acumulando   dívidas  para esta e próximas   vidas da sua trajetória  espiritual.

       Às vezes as pessoas trazem uma bagagem  de passado   e respondem por elas  ainda nesta existência. As ações desonestas  sempre vêm precedidas de fatos que não se encerram  em si mesmo e que transcendem  o entendimento comum.
Wilson Fuá

por Wilson Fuá

É Especialista em Recursos Humanos e Relações Políticas e Sociais
wilsonfua@gmail.com
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