Artigos / Dirceu Cardoso Gonçalves

28/05/2015 - 07:57

A (necessária) reforma política

            Naufragou a primeira tentativa de reforma política. O “distritão”, defendido pelo PMDB e apadrinhado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, foi rejeitado pelos deputados, que também votaram contra a inclusão na Constituição de normas para as doações eleitorais. Na hora em que sentiram menor possibilidade de reeleição, já que cada um teria de contar com os próprios votos e não com o partido ou coligação, os parlamentares preferiram deixar tudo como está. Também não quiseram mexer na caixa-preta do financiamento de campanha eleitoral.

            O ocorrido demonstra basicamente a resistência da classe às mudanças que a sociedade reclama, inclusive nas ruidosas manifestações de protesto. Ainda existem para ser discutidas e votadas as propostas de extinção da reeleição para cargos executivos, forma de governo, coincidência dos mandatos e regulamentação das doações de empresas e cidadãos para candidatos e partidos realizarem campanha. Os temas são de alta relevância para a população, ávida de organização, mas não empolgam os parlamentares pelo simples raciocínio de que, da forma que está, conseguiram se eleger e, com mudanças, possivelmente, muitos deles não retornariam no próximo quatriênio.

            A reforma política é imperativo nacional. O país não pode continuar convivendo com um sistema em que os candidatos aplicam em campanha mais do que vão receber durante todo o período em que estiverem no cargo eletivo. Essa simples equação demonstra que algo está errado, pois ninguém, em sã consciência, aplica mais para receber menos e, quando o faz, certamente praticará a corrupção numa das formas que têm sido apuradas nas diferentes operações policiais e judiciais, sangrando os cofres públicos em mirabolantes esquemas com fornecedorespropineiros ou fraudulentos.

            É preciso encontrar o meio em que o custo da campanha possa ser explicado sem a possibilidade de se transformar em escândalo e que, uma vez eleitos, os governantes e parlamentares não precisem praticar o escambo de votos e cargos. Dificil dizer o que seria mais adequado, mas urge  encontrar um meio para retirar toda a classe do permanente estado de suspeição. Antes dos parlamentares e dos governantes filiados, os partidos deveriam tomar posição clara sobre os assuntos de interesse nacional e divulgá-las à comunidade, dizendo o porque aprovar ou não aprovar. Isso ajudaria a termos agremiações e políticos respeitados e em condições de efetivamente representar os interesses da sociedade, longe de serem vistos como defensores apenas de seus próprios interesses...        
Dirceu Cardoso Gonçalves

por Dirceu Cardoso Gonçalves

Tenente – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)
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