Artigos / Dirceu Cardoso Gonçalves

20/05/2015 - 12:37

O pacto pelo Brasil

           As montadoras de veículos – tanto leves quanto pesados – estão demitindo e colocando trabalhadores em férias coletivas à espera de que o mercado reaja e possa reaquecer a produção. Nem a greve promovida pelos trabalhadores tem sido capaz de evitar o enxugamento no quadro das empresas. Os planos de demissão voluntária, onde os trabalhadores saem com algumas vantagens, têm recebido baixa adesão porque não há a expectativa de encontrar novo emprego num mercado em crise. Além das montadoras, os três principais fabricantes de pneus do país também partem para a suspensão temporária de contratos de trabalho, uma tendência em toda a cadeia automotiva.

            Sem a isenção tributária concedida pelo governo nos últimos anos como meio de induzir as vendas de veículos, móveis e eletrodomésticos no momento de crise econômica mundial, as empresa hoje padecem pela falta de compradores aos seus produtos. Mesmo porque o comprador potencial, incentivado pela desoneração, antecipou e até comprou aquilo que não necessitava, muitas vezes financiado em prestações que chegaram às 72 parcelas, uma eternidade para quem paga.

            Hoje, além de acabar com as isenções ou reduções de IPI, o governo ainda promove os ajustes fiscais e tenta fazer passar pelo Congresso projeto onde retira das empresas os incentivos e desonerações criadas ao longo dos últimos anos a título de incentivar a geração de empregos. Vemos a indústria empregando o menor contingente de trabalhadores desde o ano 2000, época em que o IBGE começou a pesquisas o emprego nesse nível. As demissões ocorrem seguidamente ao longo dos últimos três anos e meio.
           
 Mais do que questionar e a alternativa de induzir a produção na época da crise geral, ocorrida a partir de 2008, hoje precisamos buscar um meio de garantir o reaquecimento da economia nacional. De nada adiantará o governo subir impostos se não tiver de quem arrecadá-los. Pouco representará as empresas terem capacidade de produção se não encontrarem mercado. Será nula a força de trabalho se o trabalhador não encontrar o emprego ou qualquer meio alternativo de produção e renda. Estamos vivendo o grande impacto da crise e precisamos fazer o país voltar a caminhar. Governo, políticos, empresários, trabalhadores e os centros pensantes têm o dever de, nesse momento, mirar mais no conjunto do que em si próprios. Se não tivermos um país sólido e sustentável, dificilmente encontraremos chances individuais de desenvolvimento e bem-estar. Aí não haverá produção, emprego e nem a necessária tranqüilidade para as eleições, reeleições e a vida política regular. Executivo e Legislativo têm a grande tarefa de oferecer à sociedade um país equilibrado. É preciso cumpri-la, acima de partidos, ideologias, interesses de grupos ou quaisquer outras excludentes...
Dirceu Cardoso Gonçalves

por Dirceu Cardoso Gonçalves

Tenente – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)
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