Artigos / Dirceu Cardoso Gonçalves

11/05/2015 - 18:46

A manutenção da governabilidade

Para desconforto geral, somos informados de que, por conta da impopularidade e da possibilidade de sofrer hostilidades, a presidente Dilma Rousseff tem deixado de comparecer a eventos onde é tradicional a presença do chefe de Estado.

Não falou aos trabalhadores em 1º.de maio e esteve ausente nas comemorações do 70º aniversário do final da 2ª Guerra Mundial, onde os pracinhas brasileiros tiveram decisiva participação.

Nem mesmo a eventos particulares pode comparecer pois, no último final de semana, foi alvo de um panelaço em São Paulo, na porta da festa do casamento de seu médico, onde compareceu como madrinha.

Por mais que ela própria e seus auxiliares tentem dar tom de normalidade às manifestações, isso não é normal.

Para o bem do país, o governante não pode viver refugiado dentro do palácio e das repartições fortemente guardadas. Seu contato com a população é necessário e produtivo.

Ao mesmo tempo em que foge do povo, Dilma é fustigada pelo Congresso Nacional, onde seu governo sofre sucessivas derrotas, sua base de apoio está fragmentada e seus negociadores, especialmente o vice-presidente Michel Temer, fazem malabarismo para evitar males maiores.

O clima de barganha é permanente com alguns incautos líderes advertindo aos demais parlamentares de que “quem votar a favor será recompensado” e “quem for contra arcará com as conseqüências”.

O noticiário revela uma severa luta de bastidores pela nomeação em cargos de segundo escalão e de partidos que pressionam pela troca de ministros.

Por mais que se queira negar, a governabilidade está em risco pois, além do vale-tudo político também sobram os respingos dos esquemas de corrupção em órgãos estatais, que comprometem integrantes tanto do Executivo quando do Legislativo.

Um país, com o tamanho, os compromissos econômicos e sociais e o peso de ser uma das dez maiores economias do mundo, não pode viver indefinidamente como refém de uma situação dessas.

Mais do que impeachment, renúncia ou cassação é necessário sermos governados por alguém que possa aparecer em público e cumprir as missões de seu protocolo sem sofrer agressões. É extremamente prejudicial à Nação quando o seu governante vive acuado e perseguido pelas circunstâncias. O país acaba perdendo a credibilidade e os investidores nos evitam temendo o pior.

Oxalá os atores desse maléfico espetáculo e as forças da sociedade tenham bom senso e força suficientes para acabar com as tensões e devolver ao povo brasileiro um governo que o represente e, como tal, dele não tenha a necessidade de fugir; de preferência, sem quebra institucional nem prejuízos (ainda maiores) à democracia...
Dirceu Cardoso Gonçalves

por Dirceu Cardoso Gonçalves

Tenente – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)
+ artigos

Comentários

inserir comentário
0 comentários

AVISO: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Jornal Oeste. É vetada a inserção de comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros. O site Jornal Oeste poderá retirar, sem prévia notificação, comentários postados que não respeitem os critérios impostos neste aviso ou que estejam fora do tema da matéria comentada.

 
Sitevip Internet