Jornal Oeste

       Uma senhora idosa segundo uma opinião. Uma senhora em plena atividade em mais de uma lotação. Uma senhora politicamente assistida em mais de uma ocasião. Uma senhora socialmente influente em mais de uma ação. Uma senhora moralmente questionada além de uma eleição. Uma senhora especializada em enganação. Uma senhora investigada em mais de uma operação.
       Senhora e senhoril. Senhora nacionalizada. Senhora Brasil. Senhora mãe em nada gentil. Senhora avó em nada senil. Senhora dos cabelos tingidos. Senhora dos votos arrependidos. Senhora dos partidários negociados. Senhora das propinas efetivadas. Senhora das improbidades publicadas. Senhora dos males feitos e dos mal feitores. Senhora das trapaças e dos trapaceiros. Senhora dos desvios sorrateiros. Senhora dos cifrões dos doleiros.

       Quem a conhecer não a comprará nem a prestação. Quem a experimentar a repetirá com mais esganação. Quem a enriquecer empobrecerá o cidadão. Quem a desfrutar receberá mais de um milhão. Quem a escutar dirá que é repetição. Quem se calar consentirá tamanha degeneração. Quem ousar falar se abrigará na liberdade de expressão. E se, por acaso, esta última se findar? Em que página publicar? Em que mídia replicar?
       
Senhora corrupção não larga o osso sem antes triturar. Senhora corrupção não tem a corda no pescoço para se enforcar. Senhora corrupção nasceu blindada para lesar. Lesa pátria. Lesa majestade. Lesa até o mesmo o leão. Lesa os cofres públicos da Nação. Lesados manifestam em vão. Lesadores continuam de eleição em eleição. Penhores de um peculato camuflado. Autores de um retrato falado. Credores de um boato investigado.

      Quem lava e quem leva? Quem participa e quem integra? Quem ordena e quem determina? Quem executa e quem destina? Quanto vale uma propina? Bancada ou balcão? Cocada ou marmelada de mamão? Para quem a alcunha de ladrão? De quem o direito violado? Por quem o dever efetuado? Com quem a obrigação em papel passado? Bico quebrado. Bicada a revelia. Senhora corrupção listada em mais de uma ordem do dia. Senhora corrupção soletrada além de uma poesia. Senhora corrupção em ventania semeada do litoral ao sertão. Risco de tempestade em mais de uma previsão. Senhora corrupção: sujeito composto. Senhora corrupção: Qual o seu posto?

      “Creio na liberdade onipotente, criadora das nações robustas; creio na lei, emanação dela, o seu órgão capital, a primavera de suas necessidades; creio que, neste regime, não há outros poderes soberanos, e o soberano é o Direito, interpretado pelos tribunais; que a própria soberania popular necessitada de limites, e que estes limites são as suas Constituições, por elas mesmas criadas, nas suas horas de inspiração jurídica, em garantia contra seus impulsos de paixão partidária desordenada... creio na moderação e na tolerância, no progresso e na inovação, no respeito e na disciplina, na impotência fatal dos incompetentes e no valor insuprível das capacidades.

Rejeito as doutrinas de arbítrio; abomino as ditaduras de todos os gêneros, militares ou científicas, coroadas ou populares; detesto os estados de sítio, as suspensões de garantias, as razões de Estado, as leis de salvação pública; odeio as combinações hipócritas do absolutismo dissimulado sob as formas democráticas e republicanas; oponho em definitivo aos governos de seita, aos governos de facção, aos governos de ignorância que ameaçam as fronteiras da nossa nacionalidade. (Rui Barbosa – “Credo Político”).