Artigos / Airton Reis

19/03/2015 - 12:11 | Atualizado em 19/03/2015 - 12:12

Mato Grosso nas páginas da história

 “Por ordem de Portugal, a sede da Capitania de Mato Grosso foi fixada no Vale do Rio Guaporé, por motivos políticos e econômicos de fronteira. D. Antônio Rolim de Moura Tavares, Capitão General, foi nomeado pela Carta Régia de 25 de janeiro de 1749. Tomou posse a 17 de janeiro de 1751. Rolim de Moura era fidalgo português e primo do Rei, mais tarde foi titulado Conde de Azambuja.

      A 19 de março de 1752, D. Rolim de Moura fundou Villa Bela da Santíssima Trindade, às margens do Rio Guaporé, que se tornou capital da Capitania. Vários povoados haviam se formado na porção oeste desde 1726 até a criação da Capitania, a exemplo de Santana, São Francisco Xavier e Nossa Senhora do Pilar. Esses povoados, além de constituírem os primeiros vestígios da ocupação da porção ocidental da Capitania, tornaram-se o embrião para o surgimento de Vila Bela, edificada na localidade denominada Pouso Alegre. O crescimento de Vila Bela foi gradativo e teve como maior fator de sua composição étnica, os negros oriundos da África para trabalho escravo, além dos migrantes de diversas áreas da Colônia.

      O período áureo de Vila Bela ocorreu durante o espaço de tempo em que esteve como sede política e administrativa da Capitania, até 1820. A partir daí, começou a haver descentralização política, e Vila Bela divide com Cuiabá a administração Provincial. No tempo do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, no início do século XIX, Cuiabá atraía para si a sede da Capitania. Vila Bela recebeu o título de cidade sob a denominação de Matto Grosso.

      A medida tardou a se concretizar, dando até ocasião de se propor a mudança da capital para Alto Paraguay Diamantino (atualmente município de Diamantino). A Lei nº. 09, de 28 de agosto de 1835, encerrou definitivamente a questão da capital, sediando-a em Cuiabá. Tratou-se de processo irreversível a perda da capital em Vila Bela, quando esta “vila” declinava após o governo de Luís de Albuquerque de Mello Pereira e Cáceres.

      A cidade de Mato Grosso, a nova denominação, passou às ruínas, e era considerada como qualquer outro município fronteiriço. Hoje em dia a cidade passou a ser vista de uma outra maneira, principalmente pelo redescobrimento de sua riqueza étnico-cultural. A Lei Federal nº. 5.449, de 04 de julho de 1968 tornou Mato Grosso município de Segurança Nacional.

     Em 29 de novembro de 1978, a Lei nº. 4.014, de autoria do deputado estadual Airton dos Reis (1939-1997) alterou a denominação de Mato Grosso para Vila Bela da Santíssima Trindade, voltando assim ao nome original”. (Fonte Portal Mato Grosso).

      Certamente que a história se escreve com fatos. Todavia, nem sempre esses mesmos fatos são de conhecimento dos que, pela pesquisa, se dedicam ao ensino e à educação. Assim, Vila Bela da Santíssima Trindade é muito mais do que uma cidade símbolo da resistência de um povo escravizado pela colonização. Vila Bela da Santíssima Trindade é testemunha da grandeza de uma população isolada e distanciada do progresso nacional. Vila Bela da Santíssima Trindade é manancial da cultura que transcende além de uma fronteira. Vila Bela da Santíssima Trindade é uma terra genuinamente brasileira.

       Nela e por ela, vivem ilustres e ilustrados cidadãos que cantam muito mais do que a liberdade almejada de geração em geração. Dela o legado humanitário que nos faz um só povo miscigenado quer seja na dança do Congo ou do Chorado.

       Pelos 263 anos de história, e “in memorian” ao legislador Airton Reis (nosso pai), nesta data saudamos Vila Bela da Santíssima Trindade, e clamamos ao Excelentíssimo Governador do Estado de Mato Grosso Pedro Taques, que volte os seus olhos para essa cidade histórica, que igualmente muitas outras deste Estado federado clamam por ações inerentes a sua verdadeira identidade frente às continuadas mudanças de cunho administrativo que nem sempre são efetivadas com a devida justiça mais do que temporal. Viva Vila Bela da Santíssima Trindade!
Airton Reis

por Airton Reis

É poeta em Mato Grosso
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