Artigos / Dirceu Cardoso Gonçalves

16/03/2015 - 12:35

A revolução dos vereadores

            Foi o maior movimento de povo desde os comícios das “Diretas-Já”, acontecidos em 1984, que serviram de pedra de toque para o encerramento do ciclo militar.

Com uma diferença: há 31 anos os comícios se deram em datas diferentes e não havia a comunicação de celular, internet e redes sociais.

Desta vez, tudo aconteceu num só dia, com o povo se mobilizando autonomamente por e-mail, facebook, twitter e outros meios, sem o apadrinhamento ou tutela de partidos políticos ou detentores de mandatos.

Foi dado o recado da grande massa, que clama por mudanças e conserto na política, economia e na administração pública brasileira. As capitais serviram de vitrine da grande mobilização, mas não podemos ignorar o movimento nas cidades do interior e até nos mais isolados grotões. O Brasil inteiro falou o que queria falar e, com certeza, continuará a fazê-lo até ser ouvido.

            Uma figura pouco citada nos meios de comunicação de massa durante a cobertura da mobilização popular é a do vereador.

Ele não será o responsável por propor e nem por decidir, por exemplo, sobre o impeachment da presidente ou reformas estruturais.

Mas é o detentor de mandato eletivo mais próximo do povo e – diferente do presidente da Republica, governador, senador e deputado, que vão para a capital exercer os seus mandatos – é o único dos eleitos que exerce seu mister junto ao povo e tem, obrigatoriamente, de morar no município.

Além de encaminhar as petições aos seus deputados, governantes e direção dos partidos, o vereador fiscaliza e cobra as providências tomadas, divulgando-as aos eleitores de seu município.

Por conta disso, tem moral e peso de pedir votos para si e para seus aliados, buscando novas eleições e reeleições.
        
Com essa ligação umbilical ao eleitor, o vereador responsável, zeloso e consciente de sua incumbência é o grande elo da comunidade com os políticos maiores.

É a pedido dele que o deputado tem votos na cidade e mesmo o governador e o presidente da República.

Agora inverte-se a situação. Em vez de pedir pelo povo, cabe-lhe a tarefa de exigir (especialmente dos deputados a quem ajudou eleger) comportamento compatível com aquilo que o eleitor deseja mudar. É o exercício pleno da representação popular.

Nesse momento grave vivido pela nacionalidade, o vereador – tanto os das capitais quanto o das médias e pequenas cidades interioranas – tem o papel fundamental de fazer chegar as aspirações do povo tanto ao governo quanto às casas legislativas que, pela sensibilidade do momento, têm de demonstrar muito juízo para implementar aquilo que a população quer e necessita.

Devemos entender que só a atuação firme, séria e comunitária do vereador pode ser a alavanca tão esperada capaz de salvar a democracia e evitar que o país mergulhe no caos.

Se a voz do povo não for ouvida, o país fatalmente cairá no buraco negro...
Dirceu Cardoso Gonçalves

por Dirceu Cardoso Gonçalves

Tenente – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)
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