Artigos / Airton Reis

04/03/2015 - 17:22

Bichos da arca

Os ratos embarcaram clandestinos.
Os elefantes ainda pequeninos.
Os lobos em pele de cordeiro.
As raposas disfarçadas de marinheiro.
Os leões famintos por natureza.
Os tigres sem a bengala da incerteza.
Todos sobreviveriam ao naufrágio calamitoso.
Todos encontrariam um porto seguro para o novo lar.
Todos podiam entrar. De par em par. Sem predileção particular.
Predominava a espécie,
Independente do reino, filo, classe, ordem, família ou gênero.
Assim sendo, as águias valiam tanto quanto os urubus.
Cobras não mais poderiam ser as predadoras dos tatus.
Penas e plumagem igualadas em asas para voar.
Nessa Arca, somente os peixes não precisaram entrar.
Entrou o pavão do peito empinado.
Entrou o cavalo da crina aparada.
Entrou o jacaré em lágrima salgada.
Entrou a cotovia de bico calado.
Entrou a ema do pescoço pelado.
Entrou o boi malhado livre de qualquer curral.
Entrou a onça de cinquenta bravia.
Entrou o rinoceronte pacificado.
Entrou a girafa da perna de pau.
Entrou o canário sem qualquer cantoria.
Entrou o papagaio que repetia: Foi o periquito! Foi o periquito!
Outros bichos menos ou mais conhecidos também entraram.
Os peçonhentos de alguma forma se infiltraram.
Nessa Arca, o bicho de sete cabeças era mais um refugiado também.
Nessa Arca, todos diziam em continuada exclamação:
Ainda bem que,
Mesmo a derivar nós outros salvaremos!
Ainda bem que,
Mesmo sem saber ler e nem escrever nós poucos sobreviveremos!
Certa manhã,
A pomba voou.
Em seu bico, com o ramo de oliveira retornou.
Terra à vista! A Arca atracou! Os bichos saíram em retirada.
No céu, o Arco-Íris.
Uma Nova Aliança foi firmada. Deus é brasileiro!
E ser presidente da República Federativa do Brasil?
O que foi? O que é? O que será?
Blá-blá-blá...
A Babel Brasil foi deflagrada.
Bandeira a meio mastro.
Aos mortos e feridos de outrora: Luto militar e civil.
 Aos infantes da pátria amada, em brado repetimos:
Brasileiros e brasileiras lutemos em letras pelo Brasil!
Nova Terra à vista!
Nova Conquista!
A mesma Fé. Outra Esperança:
Mudança!
Airton Reis

por Airton Reis

É poeta em Mato Grosso
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