Artigos / Airton Reis

20/02/2015 - 08:53

Os grilos falantes

      Grilo de uma estória em nada infantil. Grilo na cuca dos habitantes da pátria chamada Brasil. Grilo de cartola, de fraque e de bengala. Grilo determinante além dos passos cadenciados de um mestre sala. Grilo que une sem antes separar. Grilo que vive oculto em mais de um lar. Grilo voador de alvorada em alvorada. Grilo cantador nos recantos de uma corrupção institucionalizada.

      Grilo grileiro em cupinzeiro desabitado. Grilo contestador de um pleito eleitoral negociado. Grilo em nada encantado. Grilo em nada passageiro. Grilo artilheiro uniformizado. Grilo goleiro de uma seleção. Grilo disfarçado de escorpião. Grilo camuflado de mariposa. Grilo imitador de ratazana com mais de uma cria. Grilo maestrina da falsa democracia. Grilo da periferia. Grilo habitante do Planalto Central. Grilo em nada urbano. Grilo rural.

      Grilo do sertão. Grilo do litoral. Grilo da Receita Federal. Grilo da seca além de uma represa esgotada. Grilo da fronteira internacional deveras integralmente monitorada. Grilo da favela dita pacificada. Grilo da saúde desenganada. Grilo da educação retaliada. Grilo da economia inflacionada. Grilo da cultura nem sempre paginada. Grilo de pirata da perna de pau. Grilo da mamata mais do que federal. Grilo passional. Grilo prisioneiro nada pontual. Grilo fugitivo. Grilo procurado. Grilo bolsista. Grilo golpista.

      Grilo aprendiz de falcatrua sem tradução. Grilo companheiro do habitante de uma rua sem iluminação. Grilo mestre de um ilusionista afamado. Grilo doutorado. Grilo letrado. Grilo bem informado. Grilo bem articulado. Grilo bem sorrateiro. Grilo do povo brasileiro. Grilo em nada ordeiro. Grilo baderneiro. Grilo de banheiro sem banheira. Grilo da bandeira sem mastro. Grilo astro em nada global. Grilo petroleiro acionista do pré sal. Grilo medieval. Grilo barroco. Grilo santo do pau oco. Grilo santinho aureolado. Grilo por vezes alado.

       Grilo que vai. Grilo que vem. Grilo que fica. Grilo que permanece. Grilo infestado. Grilo do Cerrado. Grilo da Caatinga. Grilo florestal. Grilo do Pantanal. Grilo dos Pampas. Grilo das trancas. Grilo das tramelas. Grilo das mazelas. Grilo das regalias. Grilo das sentinelas. Grilo das donzelas. Grilo dos apagões. Grilo das opiniões. Grilo dos partidos repartidos em comissões. Grilo dos parlamentos inoperantes em legislações. Grilo dos presidentes conchavados em aberrações.

       Grilo de beca. Grilo de beco. Grilo de botequim. Grilo da infância sem jardim. Grilo da juventude aliciada. Grilo da aposentadoria adiantada. Grilo da fome dita amenizada. Grilo da clareira continuada. Grilo da bandeira avermelhada. Grilo da bandalheira orquestrada. Grilo da fantasia bordada em barracão. Grilo da cidadania sem direito, sem dever e sem obrigação. Grilo da falsa democracia de uma nação.  
  
      Neste instante, cantam alguns grilos salpicados. Enquanto isso, outros grilos remendam a nossa Constituição com trapos esfarrapados. Tem Pinóquio? Tem Gepeto? Tem lenha. Tem graveto. Tem brasa. Tem braseiro. Tem povo brasileiro grilado. Tem mais de um Estado federado. Tem pão amanhecido. Tem circo armado. Tem republica federativa com mais de um eleitor inconformado. Tem grilos dominantes? Tem grilos dominados? Tem grilos falantes? Respondamos nós, cidadãos e cidadãs mais do que alfabetizados!
Airton Reis

por Airton Reis

É poeta em Mato Grosso
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1 comentário

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  • por Lilia reis, em 20.02.2015 às 10:16

    Fantastica !!! Grande poeta !!!

 
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