Artigos / Antônio Costa

14/02/2015 - 08:51

Carnaval Cacerense

Muito pouco resta do verdadeiro Carnaval Cacerense de outrora; pelo esforço dos também poucos abnegados, acreditamos que vai demorar muito para que possamos vivenciar as animações das escolas, blocos e cordões que “invadiam” a cidade durante o festejo de momo.

Enquanto o samba não embala, recordamos dos carnavais de outrora... Quantos atrativos... Quanta animação... Mas também estamos reverenciando os baluartes que ainda teimam valentemente em trabalhar para mostrar a cara nos festejos de momo. Os incentivos são poucos... A premiação não entusiasma... Com isso, o desejado Carnaval Pantaneiro ainda engatinha ou tão somente patina.

A saudade é muito grande de outros carnavais. Lembramos perfeitamente do sargento Paulino no comando do samba pra levar a folia às ruas e avenidas de Cáceres.

Durante o aguardado desfile pela área central da cidade, um expectador se dirige ao militar do 2º. Befron e se manifesta insatisfeito com a quantidade de pano ostentado nas fantasias das mulatas, sem saber que as mesmas eram justamente as filhas do diretor do famoso bloco, e cobra: “essas passistas tem muita roupa...”, diz inconformado. Eis que reage imediatamente indignado o militar: “traz sua mãe para desfilar...”.

Na lembrança também as fantasias e o capricho do saudoso Ágdo. Dava um show de bom gosto e se orgulhava com os aplausos que lhe eram dirigidos. O mesmo se pode dizer do Bernardino Sene, Pelé ou simplesmente Gina Marquesa.

Hoje se orgulha ao exibir algumas fotos da rica época de ouro do samba cacerense. Da turma só o costureiro Odózio ainda permanece com a fantasia em dia.

Até desfile de escolas de samba tivemos a oportunidade de assistir. A Unidos da Ponte Branca, Emacurus, sob a batuta do carnavalesco Sebasticha; Pega no meu coração, etc.

Nas ruas e avenidas o samba contagiava. O que dizer ainda dos salões... O Humaitá, o azul e branco da Coronel Faria todo decorado. A participação da família cacerense brincando e recepcionando outras famílias que aqui vinham prestigiar o famoso carnaval cacerense, a exemplo as de Mirassol, Quatro Marcos, também da Capital, Cuiabá, Poconé. A quadra ficava pequena, mas animação, fantasias e gente bonita contagiava. Na lembrança os blocos, o esmero dos participantes, a ala dos médicos, a cada noite uma fantasia especial...

O Rei Momo Sebastião Lara, o Celso Lara... Auge nos tempos que o clube (hoje entregue às moscas) era comandado pela diretoria de Renato Garcia posteriormente também sucesso com Sebastião Capim e outros.

Bons tempos inesquecíveis aqueles... Militando no jornal Correio Cacerense fazíamos a cobertura da folia e passeávamos também pelo UBSSC. No comando do Clube da Duque de Caxias o sargento Aniceto, posteriormente o nosso amigo Silveira. Músicos do exército caprichavam nas marchinhas e os foliões se entregavam na animação e folia.

Visitávamos também o Nipo Brasileiro. Lá éramos recepcionados pela diretoria do Wilson Kishi e a família nissei aqui radicada se desdobrava na organização e atendimento dez. No bar o carro chefe era mesmo o pastel delicioso que rebatia o cansaço da noitada.

Não podemos esquecer também do famoso escaldado servido pela Roselane e o Cleto Silva no quintal da residência nos fundos do Humaitá era disputadíssimo.

Os carnavais do passado lembramos perfeitamente, que começavam um mês antes. Houve um tempo que o Renato Garcia começava a divulgar a Festa de Momo com os concorridos avanços carnavalescos que aconteciam aos sábados no salão do Humaitá.

A iniciativa contava com maciça participação da juventude especialmente daqueles que estudavam fora e ainda se encontravam de férias na cidade. A curtição era mesmo pra valer. A segurança bem feita e a tranqüilidade imperavam nos festejos e mesmo fora dos salões. 

As concentrações aconteciam nas residências. Quem não se lembra da turma dos Canabravas? Biba Cuiabano assegura que esta agremiação chegou a contar com oitocentos integrantes. Os Assombrados; As Pacupevas soltavam a franga no desfile cujo ápice se dava no Calçadão da Praça Barão.

Bons tempos aqueles que hoje estão na memória e não dá mesmo pra esquecer. “Quanto riso, oh, quanta alegria”... Até o Neguinho da Beija Flor comandou a festa numa domingueira inesquecível em que participamos.
Antônio Costa

por Antônio Costa

é professor, jornalista e poeta.
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3 comentários

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  • por Fatynha, em 16.02.2015 às 11:39

    Saudades dos tempos do bom carnaval em Cáceres, mas como aqui tudo acaba por acabar, sonho com o dia de acabar a politicalha que não deixa a Princezinha prosperar, e nesse dia quem sabe teremos novamente o nosso bom carnaval. Sigo na fé

  • por Claudionor Duarte, em 15.02.2015 às 18:37

    Ta faltando muita coisa ai.....principalmente a era dos Blocos Carnavalescos com seus desfiles,,, por volta ai de 10 anos consecutivos... são os fatos e realidades... mera contribuição....

  • por ALCIONE, em 14.02.2015 às 14:37

    ANTONIO GOSTEI MUITO DA SUA MATÉRIA A RESPEITO DO CARNAVAL EM CÁCERES, MAS VC ESQUECEU DE CITAR VÁRIOS NOMES QUE BOTOU O BLOCO NA RUA NA DÉCADA 80, FILITINHO, ALCIONE ZATAR, A FINADA SOFIA E SUA IRMÃS E, SAÍAMOS VENDENDO RIFA PARA CONFECCIONAR AS FANTASIAS, O FINADO ÁGDO ERA O NOSSO ISTELISTA, SÓ LEMBRANÇAS BOAS, REALMENTE DÁ PENA DE DEIXAR ACABAR UMA DAS NOSSAS CULTURA MAIS POPULAR.

 
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