Artigos / Wilson Fuá

21/11/2021 - 09:58 | Atualizado em 21/11/2021 - 10:01

Raízes cuiabanas


                     O povo cuiabano tem com código de honra, defender a sua história e seu povo como ninguém,  por isso, assume  o compromisso pelo respeito as tradições e assume a responsabilidade de dar continuidade das raízes fincadas nesta terra quente e que é caracterizada pela cultura secular dos  antepassados que construíram a cidade. 
                      
A transformação de Cuiabá, é vista diariamente, principalmente pela chegada de milhares de brasileiros que por necessidade ou opção de trabalho ajudam a promover o desenvolvimento e crescimento de Cuiabá, pois aqui, logo ao amanhecer literalmente o sol nasce para todos e o cuiabano, está sempre a oferecer o seu calor humano, que é uma forma especial de oferecer infinitas opções para aqueles que querem realmente prosperar.
                      
Com a união através dos amores, vão nascendo novas gerações de cuiabanos, com a mistura de raças, de emoções e sonhos de formar novas famílias, e assim, vão nascendo uma nova geração da pele morena ou branca bronzeadas, e que por ter nascidas aqui,  aceita mais facilmente a força da imposição da luz do sol.
                       
   O sotaque forte, hoje está perdendo espaço, pois com o passar do tempo e mistura do falar vindo de toda parte do país, o sotaque cuiabano está ficam mais restrito as zonas rurais e áreas ribeirinhas ou  nos registros literários.

                         O som vindo pelas vozes do linguajar cuiabanês é a melhor forma de identificar um cuiabano, por isso, temos que preservá-lo e mesmo com todo esse preconceito contra o sotaque carregado e forte, talvez porque seja único e inconfundível, mas e dai?

                         Esse linguajar único no mundo é muito lindo, e hoje os humoristas desta terra do sol quem, fazem os antigos cuiabanos sorrir e lembrar os vários “causos” dos nossos ancestrais.  O povo cuiabano tem que lutar para manter esse grande inventário cultural que sobrevive no Centro da América do Sul, e que historicamente ficou segregado por séculos em função da distância dos grandes centros do país. 

                O rio era o único meio de integração com o resto do país, o que proporcionou  a aproximação com os países andinos, por isso, se explica esse som nasal pronunciado fortemente pelo cuiabanos, que não respeitou os Limites Imaginários do Tratado de Tordesilhas, e o som das vozes são caracterizados ao pronunciar “AO” no final da frase, e que são trocados por “ON” igual à pronúncia sul americanizada.

            Aqui as pessoas não viram a língua para cima, ao  expressar o “L” no meio das frases, e às vezes é trocado pelo “R” e no final frase o “L” fica ausente, vejam os dizeres que se ouviam pelas ruas e nas casas cuiabanas:

“ Vooootê, feio pra besteira”;
“Agóóó o que, que é iiiisse, amigon”;
“Esse cooon é um anima bonnnnnnn”;
"Levooou quem trouxe, lugar de gente feio é da onde veio ".
 “O tempo da nubrado e tá frio pra besteira”
 “Minha bicreta é Monark”
  “O Generá Soco veste como milita”.
                 
               Mas, Cuiabá é a cidade onde todos os caminhamos se cruzam, pois está  no ponto central da América do Sul,  e com isso, os sons das vozes se propagam pela ar quente de Cuiabá, também se misturam e podemos ouvir as exclamações vindas de outras plagas, como:

- o “Orrrrrra Meu” - dos paulistas,
- o “Barbaridade Tchê” – dos gaúchos;
- o Arre-Égua, Vixeeeeeee, Ôxeeeeee e Êtaaaaaaa – dos nordestinos.
         
Cada cidade tem suas particularidades, se você que veio morar em Cuiabá,  e quando não suportar mais o cenário cultural cuiabano e perceber que não suporta mais esse calor maravilhoso, e que não aprecia o gosto pelos sabores da gastronomia cuiabana e sentir que os prazeres festivos desta cidade estão a atrapalhar a sua tristeza, se assim pensa: a melhor solução é buscar novos horizontes, pois você está vivendo em lugar errado.
            
    Para aprender a amar Cuiabá, requer tempo para entendê-la e entender a si mesmo, e como isso, terá a liberdade de responder a si mesmo:

1 - porque o seu destino o trouxe para cá? 

2 - porque está aqui, pois para ficar aqui tem que desenvolver o desejo de assumir o erro de ter vindo sem ser convidado?

3 - e, acima de tudo, meditar sobre a hospitalidade que lhe é oferecida e as múltiplas opções para ser feliz, pois Cuiabá é a cidade que aceita a todos sem preconceito, oferecendo as facilidades para que todas as pessoas possam prosperar e crescer.

              Para promover as mudanças que queremos, devemos começar por nós mesmos, é simples assim, não se muda uma cidade só pela visão do desejo individual de quem acabou de chegar. O importante é integrar-se e abrir a mente para receber as influências da cultura local, e que não é a sua, é importante saber,  que as pessoas que seguem pelas estradas da vida em buscam novos caminhos, são considerados como um cidadão do mundo, são aqueles que pesquisam e aceitam a cultura por onde andam, por necessidade ou opção, o mundo não tem limites e as fronteiras estão livres, e os viajantes estarão  sempre mais felizes e realizados ao abrir seus corações e receber os novos conhecimentos e as novas culturas que fatalmente lhes darão novas visões do mundo. 

                  É fácil ser feliz em Cuiabá, basta desarmar os preconceitos e entender que ao desembarcar por aqui, já foi aceito por antecipação. 

                 Vocês que chegaram agora, e pretendem ficar para sempre, é só começar a esparramar seus pedacinhos por aqui, e logo-logo verão Cuiabá com os olhos da cuiabanidade dos seus filhos que vão nascer aqui, e ao constituir uma família, verá os seus pedacinhos (filhos e netos), que farão de vocês um “quase cuiabano” e a partir da força da mistura, sempre haverá alguma coisa de familiar por perto de você, de repente quando você menos esperar, Cuiabá já faz parte da sua vida e a sua história, que não importa de onde veio, mas  com o tempo estará história estará misturada com a história de Cuiabá.
Wilson Fuá

por Wilson Fuá

É Especialista em Recursos Humanos e Relações Políticas e Sociais
wilsonfua@gmail.com
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