Artigos / Wilson Fuá

05/06/2020 - 07:29

Para que serve vice

              Corre a notícia que tem um corpo estendido no chão e a morte chegou a aquele corpo a mais de 24 horas, e todos passam e olham, mas ninguém assume a responsabilidade pelo corpo, os derrotados são órfãos, mas os vencedores têm muitos pais.

             É constatado que a característica do morto, que um homem de cor negra, presumivelmente com 22 anos, feição de gente ex-rica, mas desgraçamente abandonado pela família, pelos amigos e pelo mundo. Por isso,  então é que esse corpo está estendido no chão e entregue a ninguém.

            O corpo esta lá, dizem que ele era puxador de fumo, cheirador de crack e vivia de pequenos roubos de pessoas que passavam por ali. Agora o corpo está lá, simplesmente abandonado até pela sua própria alma, sem família, sem nome, sem registro, sem documento e apenas um corpo largado na rua desta cidade de Cuiabá. 
          De quem é a responsabilidade de um jovem ser consumidor e consumido  pela droga?

         Talvez o culpado seja o Vice, que é um tipo de gente que não recebe um voto, mas se habilita a ser Vice sem responsabilidade nenhuma, vira Vice  para dizer que não pode fazer pela população. Mas, quanto mais e mais  corpos de jovens, chamados de alguém, ficarão  estendidos no chão esperando o seu apodrecimento, ou pela ação do Vice. 

        Ou a culpa daquele corpo estar ali é do Vice, que é diplomado como vencedor da eleição, é eleito,  sem ter um único voto, sem ter compromisso com ninguém, para ele pouco importa se aquele corpo é de um vagabundo; de um bêbado; de um jovem que um dia foi amado pela família; ou se um eleitor do vice. Mas, o que importa saber sobre vida dele agora, ele não vota mais.

      Quem é o culpado pela enormidade de zumbis que estão a andar pelas ruas de Cuiabá?

               Talvez a culpa seja do Vice, por que ele não teve nenhum voto, ele não propôs plano de governo, a sua posição não de Direita ou de Esquerda, ou do  Centrão. Um homem caído na rua. Um bêbado. Um vagabundo. Um mendigo. Um anormal. Um tarado. Um pária. Um marginal. Um proscrito. Um bicho. Uma coisa nenhum. Agora um defunto  – mas  era  um homem.

        E,  os outros homens cumprem deu destino de passantes, que é o de passar diante daquele corpo abandonado e não entrevê nenhum sentimento. Durante 24 horas todos passam, ao lado do homem que morre de fome ou morreu do vício. Mas,  o povo passa com um olhar de nojo, desdém, inquietação e até mesmo piedade, ou sem olhar nenhum e alguns até desviam o rosto, mas os jovens possuídos pelas drogas,  continuam  morrendo de fome, sozinho, isolado, perdido entre os homens, sem socorro e sem perdão do Vice.

Não é de alçada do Delegado, nem do hospital, nem da radiopatrulha, por que haveria de ser da minha alçada daquele que é apenas um Vice? Que é que o Vice tenha a ver com isso? Deixaram o homem morrer de fome.
        
  O Corpo é de um homem morreu de fome, e tinha trinta anos presumíveis. Pobremente vestido. Morreu de fome, diz o jornalista com a sua jaqueta cheia de bolsos e sua prancheta de anotações. Louve-se a insistência dos comerciantes do local, que jamais morrerão de fome, mas pede providências às autoridades e ao Vice, porque esse corpo está prejudicando a sua evolução patrimonial. As autoridades nada mais puderam fazer senão remover o corpo do homem. Deviam deixar que apodrecesse, para escarmento dos outros homens. Mas, o Vice enfim falou: “nada mais pude fazer senão, esperar que ele morresse de fome”.

            E ontem, depois de uma vida perdida e de muita luta contra o vício, o corpo ficou estatelado em plena rua, no centro mais movimentado da cidade de Cuiabá, mas, ficou comprovado que um homem morreu de fome esperando pela ajuda do Vice, mas afinal para que serve Vossa Excelência o Vice?
Wilson Fuá

por Wilson Fuá

É Especialista em Recursos Humanos e Relações Políticas e Sociais
wilsonfua@gmail.com
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